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O mapa da pobreza no Brasil

Autor original: Paulo Henrique Lima

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Para verificar as condições de vida da população, o estudo analisou dados relativos à longevidade, educação, infância, condições habitacionais, nível de renda per capita, desigualdade de renda e pobreza, em cada um dos municípios brasileiros. A atual pesquisa traz o levantamento de 1.991. Assim que for divulgado o novo Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que ocorre a cada dez anos, será feita uma nova análise. Mais detalhes sobre o estudo podem ser lidos na entrevista à seguir, com o pesquisador do Centro de Estudos Econômicos da Fundação João Pinheiro, Fernando Martins Prates.

Quais são os principais resultados apresentados pelo estudo?


Entre 1970 e 1980, à exceção da desigualdade de renda, todos os indicadores sociais levantados na pesquisa melhoraram. Entre 1980 e 1991, na chamada "década perdida", todos os indicadores também apresentaram melhora, exceto a desigualdade de renda, a renda per capita e a pobreza, que pioraram. Registramos que a região Nordeste concentra a maior parte dos municípios de baixo desenvolvimento humano e a região Sul, a menor proporção: em 1991, enquanto no Nordeste 93% dos municípios eram de baixo desenvolvimento humano, na região Sul, apenas 1,6% dos municípios eram assim classificados. Em 1991, aproximadamente 70% dos pobres se concentravam em 25% dos municípios brasileiros e o Maranhão e Piauí eram os dois estados com maior proporção de pobres: 79% e 78% de suas respectivas populações eram pobres. Em 1991, o município brasileiro com maior proporção de pobres era Lastro, na Paraíba, com 98,8% de pobres; enquanto isso, o município com menor proporção de pobres era Águas de São Pedro, em São Paulo, com 4,8%. A desigualdade de renda no Brasil é explicada, em 70% dos casos, pela desigualdade de renda entre as famílias do mesmo municípios.


O que levou a fundação a desenvolver esse estudo?


O estudo iniciou-se em meados de 1997 e terminou em setembro de 1998, quando foi publicado e foi motivado pela necessidade de obter dados municipais sobre as condições de vida das populações que fossem comparáveis para todos os municípios, com vistas ao acompanhamento e ao planejamento. A pesquisa foi realizada, sob o patrocínio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), por uma equipe conjunta de técnicos da Fundação João Pinheiro e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), envolvendo ao todo oito pesquisadores. O trabalho não envolveu pesquisa de campo ou entrevistas por parte dos técnicos, uma vez que se baseou nas informações dos Censos Demográficos do IBGE (Censos de 1970, 1980 e 1991).


Quais foram os principais fatores levantados pela pesquisa?


Com base nos indicadores sociais levantados, que abrangem diversas dimensões, como longevidade, educação, infância, condições habitacionais, nível de renda per capita, desigualdade de renda e pobreza. Com esses dados é possível obter um amplo quadro das condições de vida das populações municipais e de sua evolução. A partir desses indicadores, podemos calcular, para cada município brasileiro, o Índice de Desenvolvimento Humano, que é calculado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para todos os países e que inclui apenas quatro dos indicadores dessa pesquisa, e o Índice de Condições de Vida, criado pela própria equipe que desenvolveu a presente pesquisa e que inclui todos os indicadores do estudo.


O que os senhores usaram para mensurar o que é pobreza?


Na pesquisa, dentre os 20 indicadores levantados, três deles são indicadores sobre a pobreza. Definiu-se como pobre toda pessoa cuja renda familiar per capita é inferior ao valor de meio salário mínimo vigente à data do último censo de 1991, o que equivaleria, hoje, a aproximadamente R$85. Dos três indicadores de pobreza, um mede apenas a proporção de pobres; outro mede também a intensidade da pobreza, ou seja, se os pobres são mais ou menos pobres; e o terceiro, além desses dois aspectos, verifica a desigualdade de renda entre os pobres.


Como os interessados podem conseguir à pesquisa?


Os dados se encontram em um CD-ROM que custa R$ 15 e pode ser adquirido no Ipea. Basta ligar para (21) 220-5533.

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