Autor original: Mariana Loiola
Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor
A quebra do ciclo de pobreza que se perpetua no Nordeste é o foco de um programa que traz uma proposta bem diferente daqueles que tendem ao assistencialismo e à ação pontual. Trata-se do Programa de Liderança para o Desenvolvimento Local Sustentável no Nordeste (Pronord), iniciativa da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Lideranças (ABDL) com o financiamento da Fundação Kellogg. Esta é a terceira edição do programa, que articula lideranças do Nordeste do Brasil para a implementação de projetos que contribuam para a superação das causas da pobreza nessa região. As inscrições para o processo seletivo do Pronord 2004 podem ser feitas até 20 de novembro.
O Pronord surgiu da necessidade de buscar abordagens alternativas às intervenções pontuais, que não garantem a melhoria da qualidade de vida da população de baixa renda e o desenvolvimento sustentável. A intenção do programa é mobilizar e articular pessoas e organizações com potencial para realizar mudanças sociais profundas e estruturais, a fim de combater a pobreza na região. Em vez de apoiar projetos isolados, o Pronord busca a formação de conjuntos de projetos de diferentes entidades e áreas, que se articulem em uma estratégia comum de desenvolvimento local.
Uma das principais características do Pronord é contemplar estados aonde chega menos ajuda da cooperação internacional e que têm Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo da média em relação às outras unidades federativas da região Nordeste. O Pronord 2004 contemplará os estados de Alagoas, Paraíba, Sergipe e Piauí. É a primeira vez, aliás, que o programa chega ao Piauí. "Temos pouca experiência lá. Queremos entender aquela realidade e buscar iniciativas", revela Andrés Falconer, coordenador-executivo da ABDL.
O Pronord se baseia na experiência da ABDL (responsável pela concepção, metodologia e implementação do projeto), que desenvolve programas focados em dois pilares: formação e articulação de redes. Segundo Falconer, o Pronord 2004 dará um passo além em relação às outras duas edições. Desta vez, além de formação e articulação, o programa incentivará a intervenção efetiva. Isto significa que os grupos deverão se comprometer com a implementação dos seus projetos. "A idéia é termos pessoas comprometidas com o desenvolvimento local, que se capacitem, se conheçam e que ajam também. O Pronord 2004 vai funcionar quase como uma incubadora de iniciativas", afirma o coordenador.
Serão selecionados quatro grupos de pessoas em micro-regiões (formadas por um ou mais municípios) localizadas, respectivamente, em Alagoas, Paraíba, Piauí e Sergipe. Para se candidatar ao programa, cada grupo deve contar com cinco pessoas ligadas a diferentes instituições. Além disso, o grupo deve propor um projeto de desenvolvimento local voltado para jovens, famílias ou comunidades em situação de pobreza, com foco, por exemplo, em atividades de formação para a cidadania; educação; uso racional dos recursos naturais; mediação e resolução de conflitos; promoção de arte, cultura, esporte e lazer; geração de trabalho e renda; produção de alimentos, entre outras. Uma das etapas mais importantes do programa, segundo Falconer, ocorrerá durante a seleção. "Vamos entrevistar os finalistas, indo até os locais para entendermos melhor as propostas dos grupos", diz.
Terão prioridade as propostas que demonstrarem a participação de jovens e adolescentes – que, de acordo com a Fundação Kellogg, são a chave para mudanças sociais positivas. Para a Fundação, os jovens têm uma capacidade importante de mapear demandas e problemas e de descobrir e encaminhar soluções.
Os integrantes dos grupos selecionados participarão de um processo de formação para que possam aperfeiçoar as suas propostas. Seminários e oficinas presenciais, trabalhos de campo e atividades à distância farão parte do programa, que terá início em fevereiro e se encerrará em outubro de 2004. As metodologias dos projetos desenvolvidos pelos grupos deverão ser sistematizadas, a fim de que possam ser implementadas em outras regiões.
Após o término do programa, cada grupo poderá ter seu projeto financiado pela Fundação Kellogg. No entanto, a participação no Pronord 2004 não pressupõe a garantia de financiamento. "O financiamento dos projetos dependerá da qualidade deles, o que envolve clareza de objetivos, parcerias sólidas, capacidade organizacional etc.", diz Andrés Thompson, diretor de Programas para América Latina e Caribe da Fundação Kellogg. Em princípio, os grupos deverão buscar os seus próprios recursos. "Este não é um projeto de financiamento, mas de intervenção", enfatiza Falconer.
A expectativa é que o Pronord se consolide como um projeto inovador e eficaz no combate à pobreza no Nordeste. "As mudanças esperadas são várias. Desde uma revitalização do papel dos jovens nos processos de transformação social, passando por uma maior articulação entre entidades privadas e públicas, até uma série de estratégias efetivas na luta contra a pobreza, na conquista de um espaço maior de cidadania e processos exemplares de desenvolvimento social que possam ser disseminados e expandidos", declara Thompson.
Os grupos interessados em participar do processo de seleção do Pronord 2004 podem obter a ficha de inscrição e outras informações em www.abdl.org.br/pronord/inicio.htm, pelo telefone (11) 3719-1532 ou por meio do correio eletrônico pronord2004@abdl.org.br.
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