Autor original: Maria Eduarda Mattar
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Questionamentos às negociações de acordos de livre comércio e respeito aos interesses nacionais foram os principais tópicos abordados pelos palestrantes da primeira conferência do Fórum Social Brasileiro, que aconteceu na manhã de sexta-feira, 7 de novembro, no Mineirinho.
Para eles, o Brasil deve resistir às pressões para aderir à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), pois da forma como que ela está planejada, será prejudicial para a economia e a política nacionais. A postura ideal nas negociações seria similar à adotada na última reunião interministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), realizada em Cancún (México), em setembro. Na ocasião, o governo brasileiro liderou um bloco de países, denominado G-20, que impôs condições para a aprovação dos pontos de pauta do encontro. O Brasil foi acusado pelos países mais desenvolvidos de "travar" a reunião.
Segundo Fátima Melo, secretária-executiva da Rede Brasileira pela Integração dos Povos (Rebrip), há hoje um novo desafio para o grupo internacional. "É preciso mostrar que outro multilateralismo é possível. Queremos uma integração que não seja feita com base no livre comércio", disse, antes de lembrar a necessidade de mobilizações para os próximos eventos internacionais, como a reunião da Alca em Miami, que acontece ainda neste mês.
O argentino Carlos Juliá, da campanha Jubileu Sul, afirmou que a Alca reforça o poder das grandes empresas e dos EUA na América Latina. "Ela é uma verdadeira e definitiva colonização cultural, política e econômica", declarou. Juliá pediu ainda aos brasileiros que não deixem o país cometer os mesmo erros da Argentina.
Já Luís Fernandes, professor de Ciências Políticas da Universidade Federal Fluminense (UFF), traçou um histórico da hegemonia do modelo econômico neoliberal. Segundo ele, a atual situação é conseqüência da queda dos regimes socialistas europeus, que tornaram os EUA a única potência mundial. Lembrou ainda que o militarismo norte-americano não é um fenômeno recente, pois o desrespeito às regras internacionais é comum desde o segundo mandato de Bill Clinton, apesar de George W. Bush ter agravado essa postura. Segundo ele, o Brasil deve tomar cuidado nas negociações internacionais.
A conferência foi mediada por Sandra Quintela, economista do Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul (Pacs), que concluiu o encontro dizendo que o Brasil deveria se retirar da Alca para que os interesses nacionais sejam atendidos.
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