Autor original: Maria Eduarda Mattar
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Para sair da crise em que está, o Brasil precisa alterar sua estrutura de poder e democratizar com urgência a propriedade rural, a riqueza do sistema financeiro, a informação e a cultura. A solução é de César Benjamin, cientista político e coordenador do movimento Consulta Popular. Benjamin falou na primeira conferência deste terceiro dia de Fórum Social Brasileiro sobre alternativas ao neoliberalismo.
Para o autor de "A opção brasileira", o Brasil está em meio a uma grave crise, mas o potencial de mudança também é grande. "Porém, para que esse potencial seja posto em prática, é preciso livrar-se dos organismos internacionais. Nossa crise não é econômica nem conjuntural. É uma questão de destino", afirmou.
O cientista político disse não ser aceitável que, em um país de tantas áreas férteis, 1% dos proprietários rurais controlem 44% das terras. Segundo ele, é preciso redistribuir as propriedades para atender à demanda dos movimentos sociais. Ele defendeu ainda o controle do fluxo de capitais tanto internamente quanto no exterior, com o Estado assumindo o mercado de capitais. Além disso, crê na necessidade de democratizar a informação, colocando sob controle social o espaço público e a cultura - que, segundo ele, está dominada por uma elite muito voltada para o exterior. Para atingir esses objetivos, conclamou a esquerda a se reorganizar rapidamente, pois,"perto desses pontos, todo o resto é quase ninharia".
Os outros conferencistas eram João Moraes, professor de filosofia da Unicamp, e Jurema Werneck, da ONG Criola. Ela analisou os termos "democracia", "neoliberalismo","popular", "sexismo" e "racismo", que estariam sendo desvirtuados em favor da atual conjuntura. Em função disto, afirmou ser necessário recuperar o sentido de outras palavras como "superação", para a qual ela não tem definição exata, somente exemplos vindos da cultura negra, como a formação de quilombos. Para Jurema, a resistência deve ser vista como algo positivo, que gera benefícios, e não somente em seu sentido de reação a um mal.
Já Moraes fez críticas ao governo Lula, que, segundo ele, fez uma "contra-reforma da previdência", por retirar benefícios da população. De acordo com o professor, a "dinâmica de atração de capitais internacionais especulativos, infelizmente, será mantida".
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