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Atitudes frente ao crescimento da Aids no Brasil

Autor original: Maria Eduarda Mattar

Seção original:

Aumento da AIDS em mulheres está entre as maiores preocupações






Foto: Atitudes frente ao crescimento da Aids no Brasil


Acaba de ser concluída pesquisa inédita sobre mulheres e Aids encomendada pelo Instituto Patrícia Galvão ao Ibope, em parceria com o UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher). Realizada entre 29 de outubro e 2 de novembro de 2003, a pesquisa trabalhou com uma mostra representativa da população adulta brasileira. Foram realizadas 2.000 entrevistas pessoais em todos os estados brasileiros, capitais e regiões metropolitanas. Cidades menores foram selecionadas probabilisticamente, dentro da proporcionalidade por tamanho de município. A margem de erro máximo, para o total da amostra, é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. O intervalo de confiança estimado é de 95%.

A questão da AIDS ocupa, na visão dos brasileiros, o quarto lugar como preocupação em uma lista de problemas da agenda do movimento de mulheres. Das 2.000 pessoas entrevistadas, 29% apontam a Aids como um dos problemas que mais preocupam e 19% ainda apontam “o problema do crescimento da Aids entre mulheres”.

Na percepção dos entrevistados há questões mais preocupantes do que a Aids, como o câncer de útero e mama, mencionado por 48%, e o problema da violência doméstica, que é destacado por 46%. Estes dois temas, que estão em evidência entre as preocupações atuais dos pesquisados, têm estado presentes na mídia de forma contínua, tanto através do noticiário e de campanhas publicitárias, como em tramas de novelas com grande audiência na televisão.

É possível que a questão da AIDS esteja sendo percebida pela população como um problema melhor equacionado, devido à política de distribuição gratuita de medicamentos. Isto significa dizer que a AIDS deve estar sendo percebida como uma doença que tem tratamento e não mais como uma doença que mata, como no início da epidemia, embora o Brasil tenha registrado em 2001 mais de 8 mil mortes em conseqüência da AIDS. Ao mesmo tempo, pode-se dizer que a comunicação do tema, através de campanhas em veículos de massa, tem sido esporádica e pouco sustentada, ficando restrita principalmente ao período do Carnaval.

Pergunta: Aqui estão alguns assuntos que as mulheres têm, nos últimos tempos, discutido bastante. Na sua opinião – pelo que sabe ou ouve falar – qual destes temas mais preocupa a mulher brasileira atualmente? (estimulada – até três opções)


























































  (1º + 2º+ 3º)
Base (2.000)
  %
DOENÇAS COMO CÂNCER DE MAMA OU DE ÚTERO 48
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER EM CASA 46
VIOLÊNCIA / ASSÉDIO SEXUAL FORA DE CASA 31
PROBLEMA DA AIDS 29
IGUALDADE DE SALÁRIOS ENTRE HOMENS E MULHERES 24
DEIXAR FILHOS PARA TRABALHAR FORA 20
CRESCIMENTO DA AIDS ENTRE MULHERES 19
TER UMA PROFISSÃO DA QUAL GOSTE 12
FORMAS DE EVITAR FILHOS 12
MENORES DE RUA 11
PARTICIPAÇÃO DA MULHER NA POLÍTICA 9
LEGALIZAÇÃO DO ABORTO 8
DIVIDIR TAREFAS DOMÉSTICAS 5
DIREITO DO CONSUMIDOR 4
   

Fonte: Instituto Patrícia Galvão - IBOPE, 2003.


Câncer, violência e AIDS são as preocupações mais citadas

Quando isolamos a preocupação citada em primeiro lugar – portanto, aquela que é mais importante para o entrevistado – percebemos três blocos de problemas, mencionados tanto por homens como por mulheres: câncer, violência e AIDS. Somando-se duas das preocupações apontadas – o problema da AIDS (12%) e sua disseminação entre as mulheres (6%) – observa-se que 18% declararam o problema da AIDS como preocupação principal. Isto aproxima o tema da AIDS em importância com as outras duas questões: violência contra a mulher (24%) e câncer da mama e de útero (20%).

Nesta perspectiva é possível verificar que a questão específica do crescimento da AIDS entre as mulheres é menos central na percepção dos entrevistados – não faz parte das suas maiores preocupações – apesar de existirem informações de que a disseminação da doença entre mulheres vem se agravando nos últimos anos.

A taxa de preocupação com o crescimento de AIDS entre as mulheres – 7% – é homogênea ao longo da amostra. Não há diferença significativa de percepção entre homens e mulheres.

Quanto à preocupação genérica com a AIDS (12%), ela tende a subir entre a população de menor escolaridade e renda, indicando que este segmento deveria ser alvo preferencial de comunicação específica.





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