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Um centro para avançar no desenvolvimento humano

Autor original: Maria Eduarda Mattar

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

O Instituto Ayrton Senna (IAS) está completando dez anos de atuação bem-sucedida apostando na educação como principal ponte para o desenvolvimento humano. Para coroar a comemoração, pretende replicar as experiências, metodologias e abordagens desenvolvidas através do Centro Avançado de Tecnologias Sociais, a ser oficializado em março pela instituição. Através dele, todo o acúmulo de conhecimento obtido com as atividades do IAS poderá ser repassado não só para as entidades parceiras do instituto, mas para todas as entidades que trabalham com temas e linhas de atuação semelhantes aos da organização. "A grande idéia do Centro é atuar em escala. Vemos que os problemas relacionados à educação no país são problemas em atacado. Então, temos muita angústia com relação a essa escala; precisamos atuar em escala", conta Margareth Goldenberg, superintendente da ONG.

O IAS tem dois eixos estratégicos de atuação: o Fazer e o Influir. No primeiro - eixo mais antigo de trabalho do instituto – estão contidos os programas de atendimento direto a crianças e adolescentes e os de criação, implementação, avaliação e sistematização de conhecimento e tecnologias sociais de ponta em conjunto com universidades, ONGs e escolas. No Influir, a atuação se volta mais para a mobilização de outras entidades, com ações que procuram sensibilizar e convocar todos os cidadãos a darem sua contribuição às mudanças sociais necessárias. Entre os conceitos contidos no eixo Influir estão a advocacia social (cujas ações defendem e debatem os temas relacionados aos interesses e direitos da população infanto-juvenil), a mobilização social e a pedagogia social (cujas atividades disseminam conhecimentos e tecnologias sociais a pessoas e organizações para atuarem junto a crianças e jovens).

As tecnologias sociais construídas dentro dessas linhas de ação estarão presentes no Centro Avançado, incluindo aquelas mais antigas, como as montadas a partir dos programas Educação pelo Esporte e Saúde/Nutrição, iniciados em 1995, quando o IAS estava em seu primeiro ano de atividades plenas. Desde então, o Instituto já conseguiu envolver mais de 2,5 milhões de crianças e jovens, em 24 estados brasileiros, em seus programas. Mais de 50 mil educadores foram formados, dentre os 3.375 parceiros - ONGs, escolas e universidades - que desenvolvem os programas sociais criados pelo Instituto junto ao seu público-alvo. Os programas são voltados à educação formal (alfabetização, aceleração de aprendizagem e gestão escolar) e à educação complementar (esporte, comunicação, tecnologia, arte e desenvolvimento sustentável).

Margareth lembra que o IAS foi criando soluções efetivas, eficazes, com grandes resultados, porém, a aplicação destes resultados somente em programas próprios poderia limitar seu alcance. "Às vezes temos a impressão de que temos uma vacina garantida, mas essa vacina só poderá agir limitadamente se não for compartilhada", diz. "E não dá para multiplicar as ações e aumentar a abrangência se não houver profissionais formados para tanto", complementa, ressaltando que não só pessoas ligadas a ONGs podem participar dos treinamentos a serem oferecidos pelo Centro Avançado. "Pelo contrário: justamente porque queremos atingir escala, devemos levar as práticas para as políticas públicas. Assim, representantes governamentais e todos aqueles que podem influenciar nessas políticas são bem-vindos".

A cátedra e a missão de transmitir conhecimento

Em outubro do ano passado, o Instituto recebeu da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) o título de cátedra em Educação para o Desenvolvimento Humano. Ou seja, o IAS se tornava uma referência mundial nessa área, como um centro de reflexão, de pesquisa e produção de conhecimento. Com um detalhe a mais: foi a primeira ONG no mundo a receber este reconhecimento, na área de Educação para o Desenvolvimento Humano.

A cátedra e a responsabilidade que ela traz acabaram ajudando a concretizar a idéia de replicação das tecnologias sociais construídas através dos programas, impulsionando, assim, a criação do Centro Avançado. Seu lançamento representa, portanto, um passo a mais na história do Instituto. De um centro de atendimento direto, passou a criar conhecimentos e tecnologias sociais em desenvolvimento humano e, agora, caminha para a transmissão sistemática de tudo o que foi construído até aqui, com ações e estratégias que caracterizam as práticas de uma Cátedra.

O Centro proporcionará às organizações e aos educadores uma formação passível de ser feita de três maneiras: presencialmente; à distância, via Internet, utilizando mensagens eletrônicas, chats, listas de discussão etc; e vivencialmente, etapa que consiste em estágio-residência em projetos parceiros do Instituto. Serão expedidos certificados de especialização por meio da Cátedra em Educação para o Desenvolvimento Humano da Unesco. "Para o primeiro semestre de 2004, já estamos com a demanda toda preenchida", avisa Margareth, explicando que neste primeiro momento, cujas aulas começam em março, as capacitações estão voltadas mais para o público interno (pessoas que participam dos programas da ONG) e para os parceiros. "Mas, a partir do segundo semestre, abriremos para o público externo", alerta.

Dessa maneira, o IAS estará atendendo à função de transmitir conhecimento – função essa esperada das instituições que carregam o título de Cátedra -, formando profissionais credenciados e preparados para utilizar os conhecimentos e tecnologias desenvolvidos pelo Instituto – conhecimentos estes que já se provaram eficazes – e ajudando mais organizações e pessoas a vencerem a corrida pela educação, onde o grande prêmio é o desenvolvimento humano.

Maria Eduarda Mattar

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