Prevenção aqui e lá

Autor original: Mariana Loiola

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De acordo com relatório divulgado em 2003 pela Unaids (órgão das Nações Unidas que trata de assuntos ligados à Aids), a epidemia se propaga em ritmo acelerado pelo mundo: em 2003 foram batidos os recordes de mortos por causa da doença (3 milhões) e de infectados pelo HIV (5 milhões). Embora o Brasil apresente estabilização no registro de novos casos desde 2000 (em torno de 22 mil por ano), o panorama mundial é um alerta para as instituições que lidam com esse tema e para a sociedade. Por isso o Grupo de Apoio à Prevenção à Aids da Bahia (Gapa-BA) promove a 12ª Campanha Anual de Prevenção à Aids, lançada nacionalmente em 29 de novembro de 2003. Pela primeira vez, a campanha do Gapa-BA será veiculada também fora do Brasil, em Angola, por meio de uma parceria com o Programa Nação Coragem do governo angolano. "Estigma" é o tema da campanha deste ano.

Desenvolvidas desde 1992, as campanhas do Gapa-BA são referência em prevenção à Aids e luta contra a discriminação das pessoas com HIV/Aids. Por serem veiculadas em meios de comunicação de massa, atingem anualmente mais de 12 milhões de brasileiros. Durante o Carnaval, as campanhas ganham reforço, mas são veiculadas ao longo do ano todo. Segundo Moacyr Villas Boas, responsável pelo setor de marketing do Gapa-BA, as campanhas têm caráter atemporal: "As campanhas realizadas há dez anos podem servir até hoje." O principal objetivo é esclarecer informações sobre a Aids, conscientizar as pessoas, estimulá-las a discutir e repensar seus paradigmas e suas atitudes diante da doença. "Para ocorrer mudança de comportamento deve haver um trabalho de conscientização contínuo, insistente, e os resultados só podem ser percebidos a longo prazo", diz Moacyr.

A cada ano, as campanhas buscam educar e alertar a população quanto a determinado aspecto da Aids: a discriminação de crianças com HIV, conscientização quanto ao uso da camisinha, prevenção dirigida ao público feminino, a importância do uso do preservativo para casais heterossexuais, entre outros. Desde 2002 o Gapa-BA prioriza as classes C e D como público-alvo de suas campanhas, por ser a parcela da população com mais dificuldade de acesso a informação. Mas, de acordo com Moacyr, as campanhas são dirigidas a todas as classes.

A campanha de 2004

Ao enfocar as famílias das pessoas com o vírus HIV e os temas respeito, carinho e trabalho, a 12ª Campanha Anual de Prevenção à Aids pretende aproximar o público dos problemas enfrentados pelos soropositivos e diminuir o preconceito. A discriminação no mercado de trabalho, abordada também na campanha anterior, é um dos aspectos da doença que chamam a atenção da equipe técnica do Gapa, que lida diariamente com as pessoas com HIV/Aids. Por esse motivo, esse tema será repetido este ano.

A campanha é produzida em parceria com publicitários e veiculada gratuitamente, graças à parceria do Gapa-BA com empresários de veículos de comunicação nacionais e locais. É composta de filme para TV e cinema, spots de rádio e três peças impressas para outdoors, busdoors (expostas em ônibus) e mobiliário urbano. Em Salvador a campanha é mais intensa, em razão da maior possibilidade de acesso do Gapa-BA aos veículos locais, mas a entidade espera contar com a parceria de representantes de mídia de todo o país.

Em Angola, a campanha será veiculada inicialmente apenas pela televisão, com o mesmo material da campanha brasileira. A veiculação por outros meios está em negociação. "A África é um continente muito afetado pela Aids. Lá a situação da Aids é muito mais agravante e o desconhecimento e o preconceito são muito maiores do que no Brasil. Para nós, do Gapa-BA, é uma honra veicular lá também", afirma Moacyr, que acredita que hoje os brasileiros estão mais conscientizados. "A Aids não é vista mais tanto como doença de homossexuais e profissionais do sexo. Mas ainda falta uma compreensão melhor sobre a doença e mais respeito pelas pessoas que vivem com HIV/Aids".

Representantes de mídia interessados em contribuir com a campanha e veicular gratuitamente as peças publicitárias devem entrar em contato pelo telefone (71) 328-4270 ou pelo correio eletrônico gapaba@uol.com.br.

Mariana Loiola