Autor original: Marcelo Medeiros
Seção original: Notícias exclusivas para a Rets
Desde que os portugueses chegaram ao Brasil há conflitos pela ocupação das terras brasileiras. No século XVII escravos fugidos começaram a formar quilombos, espaços de resistência contra o trabalho forçado. O de maior destaque foi o de Palmares, onde hoje é a fronteira entre Alagoas e Pernambuco na Zona da Mata.
Outro marco da luta pela terra foi a guerra de Canudos. No interior da Bahia, 10 mil camponeses, liderados por Antônio Conselheiro, resistiram a tropas do governo federal. A derrota veio em 1897, quando todos os defensores foram mortos pelo exército. Em Santa Catarina, a guerra do Contestado foi motivada em parte pela expulsão de agricultores de suas terras, doadas a uma empresa norte-americana que construiria uma ferrovia. Nessas duas ocasiões os camponeses foram organizados por líderes messiânicos. O cangaço também é considerado por alguns pesquisadores como uma forma de revolta organizada de trabalhadores do campo. Nessa modalidade, as atividades eram mais agressivas, pois os cangaceiros atacavam algumas fazendas e vilas.
À medida em que foram se organizando, a reação aos agricultores foi aumentando. Várias entidades se formaram e ajudaram a fortalecer a luta pela reforma agrária, bandeira surgida em meados do século XX. Entre elas, o Partido Comunista Brasileiro e a Igreja Católica.
Por volta de 1945 surgiam no nordeste as Ligas Camponesas, que resistiam à exploração e expulsão de famílias de suas pequenas propriedades. Eram formadas por “foreiros”, moradores de fazendas que pagavam taxas para viver e produzir na área. As Ligas estiveram presentes principalmente em Pernambuco e na Paraíba, estados onde retomavam fazendas das quais os pequenos agricultores haviam sido expulsos. Foram aniquiladas com o golpe de 1964.
Naquele ano, em resposta aos movimentos em favor da reforma agrária, o governo militar criou o Estatuto da Terra. Alguns setores das forças armadas achavam fundamental a modernização do campo por meio da reforma agrária e impulsionaram a colonização das regiões norte e centro-oeste. Esse fenômeno levou diversos camponeses à falência, pois não conseguiram arcar com os custos da mecanização de suas propriedades. Outros foram expulsos pela criação de latifúndios. Além disso, muitos projetos de colonização fracassaram pela falta de assistência técnica, financiamento e outros itens fundamentais para o sucesso de uma área produtiva.
Muitas organizações foram assessoradas pela Igreja Católica, que criou a Comissão Pastoral da Terra, em 1975. Sua atuação era feita em paróquias localizadas nas periferias das cidades e em áreas rurais. Esse trabalho a tornou a principal articuladora de novos movimentos camponeses durante o regime militar.
Esses fatores levaram pequenos agricultores a buscarem caminhos para permanecerem em suas áreas de origem. Uma delas foi a formação de movimentos sociais como o MST, que surge no sul do país, região de agricultura mais modernizada e onde a pequena propriedade tinha raízes mais profundas.
Theme by Danetsoft and Danang Probo Sayekti inspired by Maksimer