Autor original: Maria Eduarda Mattar
Seção original: Notícias exclusivas para a Rets
O desperdício é, sem sombra de dúvida, um dos principais problemas que contribui para a ameaça de escassez de água no mundo. É decorrente principalmente da pouca informação das pessoas sobre as conseqüências de suas práticas diárias. No Brasil, desperdiça-se cerca de 40% da água tratada e disponível para uso humano - o dobro da média considerada aceitável pelas Nações Unidas: 20%.
O setor que mais contribui para o desperdício no país é o agrícola, que utiliza 60% da água tratada; a grande maioria dela em irrigação. No consumo doméstico, os principais responsáveis pelo desperdício são os vasos sanitários. Alguns chegam a gastar 20 litros de água por vez em que são acionados. E, quanto mais tempo a pessoa fica apertando a válvula, mais litros de água são jogados quase literalmente no lixo.
Entre as causas de tantos gastos desnecessários estão vazamentos, ligações clandestinas e atitude pouco consciente das pessoas. Além das perdas meramente econômicas acarretadas, há também o aumento de gastos em outras áreas, como a de saúde. De acordo com pesquisa realizada pela Coordenação de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a estimativa é de que 60% das internações nos hospitais públicos são de vítimas de doenças "de veiculação hídrica".
Atenta também a esta questão, a Campanha da Fraternidade 2004 procura conscientizar para um consumo mais consciente. "Há dicas práticas sobre isso, principalmente sobre o que pode ser feito nas grandes cidades", afirma Roberto Malvezzi, um dos idealizadores da campanha. O Instituto Akatu pelo Consumo Consciente também vem há tempos procurando fazer as pessoas atentarem para o problema. Segundo seu gerente geral, Aron Belinky, "acreditamos que as pessoas podem se mobilizar para mudar seu comportamento e a realidade, na medida em que percebem que isso vai surtir efeito e que o problema é delas também".
Para Demóstenes Romano, do Projeto Gente Cuidando das Águas, o desperdício só vai diminuir "quando houver, por parte das pessoas, uma mudança de posição (que influencia no uso) e de postura (ou seja, no nosso modo de ver a água, de nos relacionarmos com ela). Para ocorrer essa mudança, nada mais adequado do que os indíviduos terem informações que os conscientizem para tal. Assim, aí estão algumas:
Um banho demorado chega a gastar de 95 a 180 litros de água limpa. Banhos de, no máximo, 5 a 15 minutos economizam água e energia elétrica.
Escovar os dentes com a torneira aberta gasta até 25 litros, a cada vez. O certo é primeiro escovar e depois abrir a torneira apenas o necessário para encher um copo com a quantidade necessária para o enxágüe.
Uma válvula de privada no Brasil chega a utilizar 20 litros de água em um único aperto. Por isso aperte apenas o tempo necessário e não jogue lixo na privada.
Uma torneira aberta gasta 12 a 20 litros por minuto; pingando, ela gasta 46 litros por dia.
Lavar as louças, panelas e talheres com a torneira aberta o tempo todo acaba desperdiçando até 105 litros. O certo é primeiro escovar e ensaboar e depois enxaguar tudo de uma só vez.
Usar a mangueira como vassoura provoca muito desperdício durante a lavagem das calçadas. O certo é utilizar vassoura e quando necessário um balde ao invés de deixar a mangueira aberta o tempo todo gastando até 300 litros de água.
Para o automóvel, o correto é a utilização de balde ao invés de mangueira. Uma mangueira ligada o tempo todo durante a limpeza do automóvel consome até 600 litros de água. Com um balde, são no máximo 60 litros.
Uma piscina de tamanho médio exposta ao sol e à ação do vento perde aproximadamente 3.785 litros de água por mês por evaporação - o suficiente para suprir as necessidades de água potável (para beber) de uma família de quatro pessoas por cerca de um ano e meio. Com uma cobertura (encerado, material plástico), a perda é reduzida em 90%.
Se um cano tiver, por exemplo, um buraco do tamanho da cabeça de um alfinete (cerca de 1,5 mm), o vazamento de água durante 24 horas será de aproximadamente 2,4 mil litros, o suficiente para encher 16 banheiras. Portanto, prevenir e consertar rapidamente vazamentos é necessário.
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