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Baleias são caçadas há séculos

Autor original: Marcelo Medeiros

Seção original: Campanhas relevantes para o Terceiro Setor

Desde a antiguidade, baleias são caçadas para virar comida e óleo - principal produto produzido a partir dos animais. Os ossos também costumavam ser aproveitados. Alguns povos, como os Inuit, habitantes da Groenlândia, da América do Norte e da Ásia Ártica, possuem tradição na prática. Apesar de haver registro de caça pelos fenícios mil anos antes de Cristo, somente no século XVII surgiu uma indústria baleeira. Foram os bascos que começaram a fazer longas viagens para conseguir baleias no Atlântico. O método era um pouco diferente do utilizado hoje. Arpões eram lançados e amarrados a barcos para cansar o animal. Quando ele parava, lanças eram jogadas manualmente até ele morrer.


A modernização das embarcações aumentou a possibilidade de aproveitamento dos mamíferos aquáticos e de captura de espécies maiores. As inovações, como o uso de motores e a invenção de arpões com explosivos, motivaram a exploração da região antártica, primeiro por britânicos e noruegueses; depois, por alemães e japoneses. Foram desenvolvidos barcos que funcionavam como fábricas, separando a carne e fabricando óleo. A abundância levou os preços a caírem por volta dos anos 1930, o que fez com que baleeiros buscassem novas espécies. Em 1931, a Liga das Nações elabora a Convenção para a Regulamentação de Atividades Baleeiras.

Em 1940 o Conselho Internacional para a Exploração do Mar passou a reconhecer que o futuro de alguns tipos de baleia estava comprometido, principalmente o das francas boreais, das cinzentas e das corcundas. Seis anos depois foi criada a Comissão Baleeira Internacional, derivada da Convenção Internacional para a Regulação Baleeira, cujo objetivo era preservar as ações das empresas e ordenar esse ramo da economia.

Em 1980 o uso de arpões não-explosivos foi proibido, com exceção para a caça de baleias minke. Em 1986, a IWC decretou moratória à pesca comercial de baleias. Hoje a entidade possui 52 países afiliados, entre eles o Brasil, e defende a sustentabilidade da indústria baleeira.

Ao longo dos anos, a consciência das empresas aumentou e, para preservar as baleias, foram criados santuários, áreas em que todo tipo de pesca é proibido. O primeiro a ser criado foi em 1938 e protegia parte da Antártida. Atualmente, há santuários também nos Oceanos Índico (criado em 1979) e Antártico (que data de 1994), este fundado para garantir a alimentação de 75% das populações de baleias. Austrália e Nova Zelândia já propuseram a criação do santuário do Pacífico Sul, mas não obtiveram sucesso. Na última conferência da IWC, realizada em 2003, a proposta de criação do santuário do Atlântico Sul, feita pelo governo brasileiro, foi rejeitada. Eram necessárias 30 assinaturas de 40 membros presentes, mas os defensores da área de preservação só conseguiram 24.

Marcelo Medeiros

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