Autor original: Mariana Loiola
Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor
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Por não ser palpável, o ar (e sua poluição) não tem toda a atenção que merece da sociedade. É o que acredita um dos coordenadores do 2º Simpósio Latino-Americano sobre Fixação de Carbono, Marco Aurélio Ziliotto. O evento, que acontece de 21 a 24 de abril, no Teatro da Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, pretende justamente trazer esclarecimentos sobre as discussões mais recentes a respeito do assunto. Promovido pelo Instituto Ecoplan e pela UFPR, o simpósio vai reunir especialistas, empresas, estudantes, pesquisadores, governo e terceiro setor.
A fixação de carbono (também chamada de seqüestro de carbono) – nome dado à retirada de gás carbônico da atmosfera por meio da fotossíntese – atende a um dos objetivos do Protocolo de Kyoto, das Nações Unidas, que prevê o uso de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) para reduzir a emissão dos gases que provocam o efeito-estufa. De acordo com o Protocolo, os países desenvolvidos ou as empresas poluidoras que não conseguirem reduzir a emissão de poluentes, em especial do dióxido de carbono, podem compensar os danos ao ar com o financiamento de projetos de fixação de carbono em países em desenvolvimento – em especial, Brasil, Índia e China. O 2º Simpósio Latino-Americano sobre Fixação de Carbono vai discutir metodologias sustentáveis para projetos de MDL, além de esclarecer aspectos da legislação nacional sobre o assunto e expor as últimas decisões sobre o Protocolo, por meio da participação de palestrantes que estiveram na 9ª Conferência das Partes (COP 9), da Convenção das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, realizada em dezembro de 2003, na Itália.
De acordo com Marco Aurélio Ziliotto, que também é presidente do Instituto Ecoplan, o 1º Simpósio, realizado em 2002, teve um caráter mais informativo, com o objetivo de situar a sociedade sobre o assunto. "O simpósio deste ano vai avançar mais em informações técnicas", afirma.
Propostas em debate
A proposta de comercialização de carbono será um dos temas dos painéis. Por essa proposta, os países poluidores comprariam créditos de carbono das nações em desenvolvimento. Este novo modelo de mercado prevê que cada tonelada de dióxido de carbono deixada de ser emitida ou retirada da atmosfera poderá ser negociada no mercado mundial. Marco Aurélio explica que esse modelo aumenta a viabilidade de os países e as empresas mais poluidores cumprirem as metas do Protocolo.
A viabilidade técnica e econômica de projetos de MDL também terá destaque entre os debates, além da análise de projetos que realizam comprovadamente a fixação de carbono, promovendo o desenvolvimento sustentável. Marco Aurélio comenta a importância de se discutir a sustentabilidade de projetos de MDL, tema de um dos painéis: "Para que esses projetos sejam viáveis, não adianta recuperar áreas degradadas, reduzir a poluição e não gerar emprego, não compartilhar os benefícios com as populações locais", enfatiza. Ele cita a preocupação que existe com "vazamentos" dos projetos, o que ocorre, por exemplo, quando uma iniciativa de reflorestamento numa região desloca produtores que realizam o desmatamento para uma região vizinha. Além de não fornecer uma alternativa econômica para os produtores, esses projetos causam danos em outras regiões.
Representantes de outros governos também estarão presentes no evento para falar de ações sobre mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável em seus países. Além das políticas brasileiras para regulamentação de MDL e de incentivo a projetos, serão debatidas as posições de Uruguai, El Salvador e Argentina. Marco destaca a presença deste último: "Enquanto o Brasil tem uma posição forte junto à Europa, favorável ao Protocolo de Kyoto, a Argentina está numa posição contrária, junto com os Estados Unidos. Por isso é importante trazer gente de lá para o simpósio. É difícil, mas o ideal seria que houvesse uma posição única da América Latina", diz.
Os painéis e mesas-redondas pretendem ainda analisar propostas de certificação de projetos florestais na América Latina e possibilidades de financiamento e debater modelos de MDL, mudanças climáticas, resoluções com relação ao uso da terra e florestas, entre outros temas.
Segundo Marco, o simpósio é uma oportunidade de esclarecer para a sociedade a importância de reduzir os níveis de poluição atmosférica. "Quem tem interesse em entender melhor as discussões da COP poderá se informar mais sobre o assunto", acrescenta.
As pessoas interessadas em participar do 2º Simpósio Latino Americano sobre Fixação de Carbono devem fazer suas inscrições na página do Instituto Ecoplan (veja o link ao lado), onde também pode ser encontrada a programação completa do evento. As inscrições podem ser feitas até a data do evento, mas existe um limite de 500 vagas para o simpósio. Mais informações pelo correio eletrônico simposio_carbono_ufpr@ecoplan.org.br.
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