Autor original: Fausto Rêgo
Seção original:
Processo contra os mandantes do assassinato de João Canuto de Oliveira - os sem-terra e seus defensores no estado do Pará
I – Introdução
(...)O “caso Canuto” é emblemático da situação dos trabalhadores rurais nesta região do Brasil. Estes estão à procura de terras para assegurar sua subsistência e se colocam na oposição violenta aos grandes proprietários de terras (fazendeiros) que se beneficiam de uma grande impunidade.
É também emblemático da situação dos defensores de direitos humanos que lutam pela causa dos trabalhadores rurais no Pará. Estes são submetidos a ameaças, atos de intimidação e violência, a exemplo de outros sindicalistas, de trabalhadores rurais ou de membros de ONG ou de advogados que defendem suas causas, tais qual Henri Burin des Roziers, membro da Comissão Pastoral da Terra do sul do Pará. Podemos citar alguns exemplos: Expedito Ribeiro, sucessor de João Canuto na presidência do sindicato de trabalhadores Rurais de Rio Maria, assassinado em 2 de fevereiro de 1991; Arnaldo Delcídio Ferreira, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Eldorado dos Carajás, perto de Marabá, sul do Pará, assassinado em 2 de maio de 1993; Antônio Teles, sindicalista, e sua esposa, Alcina Gomes, assassinados em 12 de outubro de 1994; Onalício Araújo Barros e Valentin Serra, dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), assassinados em Parauapebas em 26 de março de 1998; Francisco Euclides da Paula, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Parauapebas, Pará, assassinado em 20 de maio de 1999; José Dutra da Costa, diretor e ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará, assassinado em 22 de novembro de 2002; e José Pinheiro Lima, dirigente sindical no município de Marabá, Pará, assassinado em 9 de julho de 2001.
Com efeito, se podemos constatar uma baixa significativa de mortes entre os trabalhadores rurais devido a conflitos de terras nestes últimos anos, parece que este fato esteja relacionado mais a uma reorientação na estratégia dos fazendeiros - que estão mais seletivos na escolha dos seus alvos – que a uma baixa real de violência na região. Atualmente, eles visam, sobretudo, os dirigentes principais de movimentos sociais, na ótica de enfraquecer a luta coletiva pela reforma agrária.
Este é apenas um trecho do relatório, que está disponível na integra na área de Downloads, no alto desta página, à direita.
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