Autor original: Marcelo Medeiros
Seção original: Notícias exclusivas para a Rets
Em 25 de março, o movimento hip hop mostrou sua força política. Rappers de 20 estados se reuniram em Brasília com o presidente Lula e o ministro da Cultura, Gilberto Gil, entre outros representantes do governo, para discutir seu papel na política nacional. Foram apresentadas quatro propostas: formação e legitimação de um grupo de trabalho (GT) que dialogasse diretamente com a Presidência da República; formação de grupos de desenvolvimento do hip hop (ações sociais e culturais) nas 27 capitais brasileiras; liberação de espaços públicos ociosos para servirem como base para o trabalho dos grupos e criação de um fundo nacional para apoio e patrocínio a projetos do hip hop nas periferias.
O governo anunciou apenas a criação de um grupo de trabalho (GT), que ainda não está funcionando. Segundo Celso Athayde, que esteve presente na reunião e é coordenador da Central Única de Favelas (Cufa), além de organizador do prêmio Hutus de Hip Hop, estão sendo realizados seminários em todos os estados para organizar o GT e decidir as prioridades. Ainda faltam três unidades da federação para terminarem as discussões. Athayde resume as intenções do grupo para a próxima reunião com o governo: “Nossa pauta é a inclusão social, o resto é conseqüência”.
Quem participa do movimento acredita que a audiência em Brasília foi uma demonstração de força. “Antes tomávamos porrada, hoje nos encontramos com Lula”, diz o educador social Alexandre Isaac. Já Jeferson Costa, coordenador da Casa do Hip Hop de Diadema, afirma que o movimento está em plena ascensão, mas é preciso tomar cuidado para que ele não termine.
O rapper Kall afirma que o dia 25 de março é uma marca importante de um movimento de reconstrução cultural, mas espera ver mais ação. “Espero que o governo federal se disponha a dialogar e facilitar o acesso ao hip hop. Precisamos de muito apoio”.
Entre as medidas sonhadas por eles está o apoio ao lugar de origem do movimento cultural: as periferias. “Tudo o que é relacionado às comunidade pode ter a ver com o hip hop”, afirma Athayde. Para ele, um fundo de cultura já seria uma boa opção para estimular a produção. “Porém o principal é ter a base fomentada pelo social, porque é essa a maneira que temos para transformar a vida das pessoas”.
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