Uma semana de encontros, debate e reflexão sobre inclusão digital

Autor original: Marcelo Medeiros

Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor

Debater políticas e experiências que têm por objetivo oferecer à população acesso às tecnologias de comunicação e informação bem como educação para o seu uso estratégico para a inclusão social é o principal objetivo da Semana de Inclusão Digital, que acontece em São Paulo de 22 a 29 de maio. O evento reunirá representantes de telecentros do Brasil e de outros países da América Latina, além de representantes do governo paulistano e federal, e pessoas ligadas a organizações e iniciativas no campo da inclusão digital.

“É o evento mais importante sobre inclusão digital do ano. Lá serão debatidas as principais preocupações em relação ao assunto e local de surgimento de propostas e apresentação de projetos”, diz Rodrigo Assumpção, secretário-adjunto da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento.

Estão programados quatro eventos para os oito dias, sendo o primeiro dia reservado ao credenciamento. Todas as atividades serão realizadas no Centro Cultural São Paulo (rua Vergueiro 1000, Paraíso).

No dia 23 acontece o segundo Encontro Nacional de Telecentros. Já a terceira Oficina de Inclusão Digital será realizada de 24 a 26 de maio, mesmo período de realização do IV E-Gov Fórum, cujo objetivo é debater as iniciativas do programa governo eletrônico e suas perspectivas. Finalmente, de 27 a 29 de maio será a vez do Terceiro Encontro Latino-americano de Telecentros.

A Semana é organizada pela Rits, pelo Sampa.org, pelo Instituto Florestan Fernandes, pela Prefeitura de São Paulo, pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento e pela Via Fórum.

No encontro de telecentros brasileiros haverá debates sobre a utilização desses espaços no combate à exclusão social e sobre os requisitos necessários para o seu sucesso. As discussões girarão em torno de assuntos como a participação comunitária na gestão dos telecentros, os modelos de administração e a formação de conselhos.

Haverá também tempo para debater políticas públicas voltadas para combater a exclusão digital e as necessidades de infra-estrutura, como facilidade de acesso aos locais onde estão os computadores. “Tentaremos concretizar mais propostas de políticas sobre infoinclusão”, afirma Carlos Afonso, diretor de Planejamento e Estratégia da Rits. Além disso, serão debatidas a sustentabilidade das unidades, parcerias e tributos. Na ocasião, acontecerá a eleição de delegados para o Terceiro Encontro Latino-Americano de Telecentros. 

O evento internacional visa analisar as últimas realizações da rede Somos@Telecentros, que será oficializada como associação. Apesar de existir desde 1999, a rede era gerida por um comitê interino, que agora dará lugar a representantes eleitos. A Somos@Telecentros mantém um centro de recursos na Internet com material para iniciativas de inclusão digital, além de listas de discussão sobre o tema.

Durante os três dias de encontro será apresentada a agenda da sociedade civil para inclusão digital, assim como seus projetos e redes. As manhãs serão o momento de pequenos debates e interação entre os participantes enquanto as tardes estão reservadas para conferências. Entre elas as do professor francês Michel Menou, que leciona na inglesa City University; da coordenadora do Projeto Telecentros da Prefeitura paulistana, Beatriz Tibiriçá; de Carlos Afonso  e de Rodrigo Assumpção.

Outra conferência, sobre as estratégias de universalização de acesso na América Latina e Caribe, será ministrada pelo peruano Miguel Saravia, o nicaraguense José Ignacio Lopez e a argentina Angélica Abdallah.

O diretor executivo da Rits, Paulo Lima, falará sobre a participação da sociedade civil na Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação na tarde do dia 28, em conferência apresentada e moderada por Valeria Betancourt, da APC.

A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, estará presente ao evento e fará parte de uma plenária sobre iniciativas de inclusão digital na América Latina.

Já a III Oficina de Inclusão Digital terá uma dinâmica diferente. Haverá plenárias e oficinas fechadas. As primeiras são destinadas a debater a relação entre a inclusão digital, políticas públicas, governo eletrônico, desenvolvimento humano e educação, além do software livre. A abertura será feita pelo ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Já as oficinas terão como foco, entre outros assuntos, mídias alternativas, economia solidária, gênero, acessibilidade, recondicionamento de computadores, redes de capacitação e escolas e telecentros. A grande diferença é que as plenárias são abertas ao público, enquanto as oficinas são restritas a convidados.

Já o IV E-Gov Fórum pretende destacar as iniciativas do governo federal e seu programa Governo Eletrônico, que traz informações sobre as atividades do Executivo e também promove ações de universalização da Internet no país. Esse evento terá dois estudos de caso, todos abertos ao público. O primeiro será sobre o futuro do programa governamental de acordo com seu conteúdo político e infra-estrutura; o segundo é focado nas “soluções de sucesso implantadas para facilitar o acesso do cidadão à Internet”. Este tema será debatido durante dois dias. “A idéia é que dessa semana surjam propostas concretas de políticas públicas para serem implementadas”, afirma Assumpção.

Marcelo Medeiros