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No rastro da cura

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Novidades do Terceiro Setor





No rastro da cura
Programa Tsuru

A falta de infra-estrutura na área de oncologia pediátrica em muitos municípios brasileiros faz com que famílias tenham que percorrer longas distâncias em busca de atendimento médico. Para mudar essa situação o Programa Tsuru, lançado em abril pelo Instituto Ronald McDonald, realiza um mapeamento de mais de 5 mil municípios brasileiros que indicará o nível de atendimento e as condições de cura do câncer infantil em cada um deles. O Tsuru – nome inspirado na garça japonesa do origami, que simboliza saúde, paz e longevidade – pretende facilitar o diagnóstico precoce e melhorar as condições de atendimento ao câncer infanto-juvenil nesses municípios.

A cada ano surgem 7,1 mil novos casos de câncer em crianças e adolescentes entre 0 e 18 anos, no Brasil. O diagnóstico precoce é uma das principais armas para reduzir esses números: quando a doença é diagnosticada e tratada no estágio inicial, as possibilidades de cura chegam a 70%. No entanto, apenas 4,6 mil dos casos são registrados e tratados. Os outros 2,5 mil nem sequer chegam a ser diagnosticados, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Mas até hoje não existem dados nem registros históricos suficientes sobre o atendimento à criança e ao adolescente com câncer que permitam mensurar a qualidade e a abrangência do atendimento.

O levantamento realizado pelo Programa Tsuru possibilitará a construção de indicadores que revelarão as demandas prioritárias de cada região. O mapa mostrará se os municípios contam com centros hospitalares especializados, equipe profissional capacitada e suporte psicossocial em casas de apoio. Também serão detectados pólos convergentes de saúde – cidades que atraem populações ao seu redor e que são capazes de reunir infra-estrutura para atendimento e tratamento de crianças e adolescentes. "Vamos identificar onde estão as demandas mais graves e quais são as regiões que apresentam melhores resultados no tratamento do câncer infanto-juvenil", diz Capdeville Werneck, gerente de projetos do Instituto Ronald McDonald.

O Programa Tsuru conta com o apoio financeiro de diversas empresas e a parceria de instituições de atendimento à criança e ao adolescente com câncer cadastradas no Instituto Ronald McDonald. "Temos 138 instituições cadastradas em 22 estados brasileiros. Essas instituições nos ajudam informando as demandas e as prioridades de suas regiões", afirma Capdeville. A falta de recursos para despesas com equipamentos hospitalares, a necessidade de expansão dos centros de atendimento e de capacitação dos profissionais são os pontos mais críticos apontados por essas instituições.

A partir dos dados levantados, o programa, que terá um investimento inicial de R$ 10 milhões, buscará atender as prioridades dos municípios. Para isso, vai mobilizar a sociedade, articular parcerias e captar recursos com os objetivos de melhorar a qualidade do atendimento às crianças e adolescentes com câncer; ampliar a abrangência do atendimento, para possibilitar que um maior número de crianças e adolescentes sejam diagnosticados precocemente; e reduzir as migrações (deslocamento das famílias em busca de tratamento). Segundo Capdeville, o programa dará ainda uma atenção especial ao atendimento ambulatorial. "Alguns anos atrás o tratamento do câncer se concentrava na internação hospitalar. Agora existe cada vez mais atendimento ambulatorial", diz. Além disso, o programa apoiará ações de reintegração dos pacientes à sociedade e trabalhos voluntários.

Nos municípios em que forem detectados "vazios" no tratamento do câncer infantil, o programa vai reunir esforços para promover o diagnóstico precoce, por meio da capacitação de agentes de saúde e lideranças locais que possam encaminhar a criança para centros mais próximos que confirmem o diagnóstico. "Queremos evitar que a criança saia da sua região para se tratar em outra, o que piora em muito a situação social da família", diz Capdeville. Com estas ações, crianças e adolescentes de todo o país estarão cada vez mais perto da cura do câncer.

Mariana Loiola

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