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As Américas se encontram em prol do meio ambiente

Autor original: Mariana Abreu

Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor





As Américas se encontram em prol do meio ambiente


Doze anos depois de sediar a Eco 92, o Rio de Janeiro vai ser palco do IV Encontro Verde das Américas "Conferência das Américas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável", que acontece nos dias 14, 15 e 16 de setembro. Durante os três dias do evento, especialistas e lideranças ambientais e governamentais de vários países vão discutir o equilíbrio sócio-ambiental e a melhoria da qualidade de vida das Américas e do planeta. Em pauta, temas importantes e polêmicos como biotecnologia (leia-se principalmente transgênicos), mudanças climáticas, recursos hídricos e a preservação da Amazônia, entre outros.


Um diferencial da quarta edição do encontro é o empenho redobrado dos organizadores para que a conferência não seja mais um evento ecológico no qual muito se fala e pouco se faz. "Ninguém mais agüenta eventos que discutem, discutem e não fazem nada", diz Marcelo Sampaio, membro da coordenação do encontro e assessor da Palíber, realizadora do evento. "É muito fácil fazer algo assim, mas nós queremos que haja resultados concretos", acrescenta.


Neste sentido, o encontro vai retomar as discussões para a criação da Corte Ambiental Internacional. Nas palavras de Marcelo Sampaio, mais do que um tribunal para definir sentenças, a idéia é que a Corte funcione como um organismo internacional que possa resolver conflitos e buscar a solução de problemas ambientais em qualquer parte do mundo. Este ano, a proposta deve avançar a passos mais largos: o objetivo é criar ao final da conferência uma comissão de alto nível, com a presença de embaixadores, para trabalhar pela criação da Corte, principalmente junto à ONU.


Sampaio diz que não é simples concretizar um projeto deste porte, podendo levar anos. Ele cita como exemplos a Carta da Terra, documento produzido na ECO 92 e que só foi formalizado e oficialmente divulgado em 2000, e o Tribunal Penal Internacional, cuja proposta tramitou durante 20 anos até se tornar realidade. Projetos assim geralmente esbarram na soberania dos países e na extrema cautela que os governos têm em relação a este tipo de processo.


Na terceira edição da conferência, realizada em 2003, faltou apoio político para a criação do comitê, segundo Sampaio. Ele explica que, para que o mesmo não aconteça este ano, a coordenação está buscando parcerias e maior articulação com o governo: "Queremos com isso trazer mais respaldo ao que for discutido na conferência e fazer com que se saia da teoria".


Sair da teoria foi também a orientação dada aos palestrantes. Embaixadores e pesquisadores vão falar de projetos e experiências concretas nas áreas de desenvolvimento sustentável e preservação ambiental em seus países. Na ala brasileira,  representantes da Casa Civil e do SIVAM vão discutir o programa nacional de proteção à Amazônia.


Ao debater as mudanças climáticas e as consequências da emissão de gás carbônico, a Conferência das Américas promete retomar alguns pontos do Tratado de Kioto. "Vamos questionar o porquê de o tratado não ter sido respeitado e cobrar a sua ratificação por vários países, especialmente a Rússia e os Estados Unidos", afirma Marcelo Sampaio.


A Conferência das Américas promete reunir gente de peso e influência no cenário internacional. As Nações Unidas, a Organização dos Estados Americanos (OEA), universidades e diversos organismos nacionais e internacionais de defesa do meio ambiente estarão representados no evento. Entre as presenças já confirmadas estão Juan Pablo Lohlé, Pieter Taruyu Vau e Martin Belinga Eboutou, embaixadores da Argentina, Indonésia e Camarões, respectivamente.

A Renctas – Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres também vai estar presente, por um motivo extra: a organização é uma das contempladas com o Prêmio Verde. A premiação foi criada em 2002 para estimular e homenagear pessoas e organizações que contribuem para o desenvolvimento e a preservação ambiental do planeta. Na abertura do encontro, o prêmio vai ser entregue a uma personalidade ou instituição em cada uma das seguintes categorias: desenvolvimento sustentável; florestas; biodiversidade; recursos hídricos; uso e conservação do solo; gestão ambiental urbana; combate à poluição atmosférica; jornalismo; biotecnologia; mudanças climáticas e educação ambiental.


Os resultados das palestras, seminários e debates, assim como as principais reivindicações da conferência, serão consolidados na Carta Verde das Américas. De acordo com Marcelo Sampaio, este ano o documento vai ter um caráter mais consistente e ganhar ares de termo de compromisso: "Queremos que os países e representantes que participarem do evento se comprometam a reconhecer a carta e observar os temas nela contidos". A Carta será encaminhada ao secretário geral da ONU - Organização das Nações Unidas e a autoridades de mais de 130 países.

A participação no IV Encontro Verde das Américas é gratuita e as inscrições estão sujeitas à seleção da secretaria geral do evento. Embora as vagas sejam muitas – cerca de três mil -, podem não ser suficientes, tamanha a procura: no ano passado muita gente ouviu as palestras do lado de fora. Este ano a conferência foi transferida para um espaço bem maior: o Centro de Convenções da Escola de Guerra Naval, na Urca, no Rio de Janeiro. Mas, de acordo com Marcelo Sampaio, a expectativa é de lotação máxima, mais uma vez.


É possível se inscrever e obter mais informações sobre o evento na página www.greenmeeting.org, pelo telefone (61) 223-5335 ou pelo correio eletrônico secret@greenmeeting.org.


Mariana d'Abreu

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