Autor original: Fausto Rêgo
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A Organização das Nações Unidas estabeleceu que os primeiros dez anos do século 21 seriam, simbolicamente, a Década Internacional por uma Cultura de Paz. Quase metade dela se passou e o que se vê, no entanto, é uma sucessão de conflitos e tensões em boa parte do mundo – preocupação que motivou uma campanha internacional desenvolvida pela organização holandesa United Network of Young Peacebuilders (Unoy). A iniciativa pretende estimular jovens de todo o mundo a realizarem ações locais para fomentar uma cultura de não-violência.
A campanha "Peace it together" (em tradução aproximada, algo como "Juntos pela paz") foi lançada no ano passado, durante a Conferência de Estudantes Africanos, evento que é realizado anualmente pela Unoy na cidade holandesa de Haia. O objetivo é conscientizar, desenvolver estratégias de prevenção de conflitos e alternativas pacíficas para sua solução. Para isso, ações diversas em âmbito local são encorajadas, podendo envolver redes de relacionamento, famílias, organizações, instituições religiosas, governos, mídia e organizações internacionais como a própria ONU e suas agências. E a tecnologia tem um papel fundamental no sucesso dessas atividades: é pela Internet que os grupos se articulam, recebem capacitação, compartilham experiências e difundem suas idéias. Não por acaso, existe uma sutileza no nome "Peace it together": a palavra "it", em inglês, representa o que por aqui abreviamos como TI – tecnologia da informação.
"Como somos rede basicamente virtual, o foco da campanha é esse. No entanto nossos participantes, trabalhando individualmente ou para diversas organizações, aproveitam a informação, o conhecimento e as habilidades adquiridas a partir das atividades realizadas em rede para disseminar as ações localmente", explica Hilary Jeune, coordenadora da campanha. É então que o trabalho começa a ser desenvolvido e as idéias ganham força. "Temos vários exemplos disso em nosso banco de projetos", conta, "e muitos produziram versões da campanha adaptadas às suas realidades".
Na página do Unoy [veja link ao lado]está disponível um kit de introdução ao tema da campanha, com fontes de consulta e instruções para captação de recursos, planejamento e desenvolvimento de atividades. Também foi criado um banco de dados onde podem ser encontrados projetos já em andamento e sua descrição, fontes de informação, materiais para treinamento e até mesmo poemas, canções ou imagens inspiradoras.Há ainda um espaço para debates em um fórum virtual de discussões.
"Tudo isso", prossegue a coordenadora, "tem o objetivo de tornar os jovens capazes de empreender ações em nome de cultura de paz". Essas ações serão reunidas em um banco de projetos e a expectativa é reunir, até 2010, cerca de 10 mil iniciativas que serão apresentadas em uma publicação a ser produzida para a Organização das Nações Unidas.
Conflitos e mídia
Jeune acredita que a mídia tem um papel importante a desempenhar em prol de uma sociedade não violenta e espera que a campanha sirva para encorajar os profissionais da imprensa a adotarem uma postura de neutralidade e uma linguagem não estereotipada. "O conflito vende; a cooperação e a solução pacífica de conflitos, não", ela observa. "Nós acreditamos que os jornalistas podem ajudar a conter a escalada da violência, pois a mídia tem uma influência muito forte como formadora de opinião. A Unoy costuma convidar jovens jornalistas para que participem das capacitações". A campanha também procura estimular parcerias com a própria mídia, de modo a fazer com que informações sobre alternativas à violência cheguem ao grande público.
"Os seres humanos sempre terão conflitos. O que precisa mudar é a maneira como lidam com eles", enfatiza Jeune. "É preciso trocar o conceito de 'o vencedor leva tudo' por uma postura de negociação e entendimento. Queremos promover mudanças de longo prazo, estimular o investimento em educação e uma participação cada vez maior da juventude como cidadãos e cidadãs, de modo que se tornem eleitores mais conscientes".
Embora a iniciativa envolva principalmente uma população na faixa etária de 17 a 29 anos, qualquer pessoa pode participar da campanha. Basta compreender o significado de uma cultura de paz e refletir sobre o que é possível fazer para viabilizá-la.
Para participar da campanha e obter mais informações, basta visitar a página da Unoy. O link está nesta página, no alto, à direita
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