Autor original: Luísa Gockel
Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor
![]() Montagem Luis Felipe Florez | ![]() |
Com a inclusão de mais dez países na União Européia (UE), o estreitamento dos laços político, econômico e acadêmico com o bloco deve ser prioridade para a América Latina. De acordo com o professor de economia e coordenador de Convênios e Relações Internacionais da UFRJ, Geraldo Nunes, a incorporação dos países do antigo Leste Europeu é uma mostra de que a Europa está dando as costas para o Oceano Atlântico e olha cada vez mais para dentro. Para discutir as implicações para o Brasil e para os outros países latino-americanos do novo desenho europeu, a UFRJ organiza a Conferência Brasil e União Européia Ampliada, entre 13 e 17 de setembro, no Rio de Janeiro.
A evolução do número de membros da UE representa um problema para o Brasil, segundo Nunes. "O mais importante é a questão da mão-de-obra. Os países incorporados viveram anos sob a égide da antiga União Soviética, que investia muito em educação. Estão preparados, portanto, para incorporar melhor as inovações do que os países da América Latina", ressalta. A possível perda de espaço para esses dez países pode ser notada se forem comparados os níveis de escolaridade. De acordo com Nunes, a população dos países do Leste da Europa tem em média 11 anos de estudo, enquanto os brasileiros, apenas seis.
A conferência é resultado da preocupação do meio acadêmico com a necessidade de estreitamento das relações com a UE. "Não estamos pensando em elaborar soluções para problemas que assolam o mundo inteiro, mas em ampliar o debate", explica Nunes. O professor chama a atenção ainda para a necessidade do desenvolvimento de uma cultura que valorize a discussão sobre questões internacionais. "A realização da conferência é uma necessidade. É sintomático que a segunda maior universidade do país não tenha um curso de relações internacionais", critica Nunes, referindo-se à UFRJ.
O evento, que vai contar com a participação de um grande número de importantes intelectuais europeus, vai explorar temas como as diferentes estratégias de desenvolvimento dos países da UE, as novas formas de comunicação, educação, interculturalidade e a formação de uma rede temática acadêmica, de acordo com a professora do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da UFRRJ, Ana Célia Castro, que junto com o professor Geraldo Nunes, organizou o encontro. "Pensamos em construir um diálogo privilegiado entre o Norte e o Sul, através da formação de uma espaço de intercâmbio constante, que futuramente pode até ser via Internet", afirma Ana Célia.
Segundo a professora, o atual momento político do Brasil, que está alcançando cada vez mais um lugar de destaque no cenário internacional, é decisivo para repensar as relações com a UE e a repercussão das mudanças que vem ocorrendo no bloco. Por isso, explica Ana Célia, a expectativa de formação de uma grande rede entre a América Latina e a União Européia é o principal objetivo do evento. "Queremos formar uma rede multitemática, para a troca acadêmica de experiências e conhecimento, a partir dos temas que serão colocados na conferência. Depois vamos buscar apoio financeiro e institucional para que possamos realizar pelo menos um encontro por ano", diz Ana Célia. "Vamos criar uma via para unir as universidades latino-americanas e européias", conclui.
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