Autor original: Mariana Loiola
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
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Uma doença rara levou aos poucos a sua visão, mas a vontade de continuar a ter uma vida normal lhe deu a oportunidade de desenvolver uma profissão nova e lucrativa. Entretanto, ainda que não lhe faltassem clientes, o massoterapeuta Omar Joaquim Coelho de Pinho Filho não se contentou com a idéia de apenas se realizar profissionalmente e resolveu formar uma associação que ajudasse na inclusão social de outros massoterapeutas com deficiência visual. Ele criou, então, junto com outros 17 técnicos de massoterapia formados pelo Instituto Benjamim Constant (IBC) - referência nacional no atendimento a pessoas com deficiência visual -, a Associação Brasileira de Massoterapia dos Deficientes Visuais Profissionais da Saúde (Amasso).
Omar, ex-publicitário de 53 anos e hoje presidente da Amasso, perdeu gradualmente a sua visão e há 13 anos convive com cegueira total, conseqüência de uma doença hereditária chamada retinóide pigmentar. No final de 2000, ele procurou o IBC em busca de reabilitação. "Eu queria estudar, trabalhar, ter uma vida normal. Comecei fazendo um curso de braille. Depois fiz natação e descobri que o IBC oferecia um curso profissionalizante de massoterapia de dois anos de duração", conta. Ao mesmo tempo em que fazia o curso de massoterapia, Omar participou de um curso promovido por uma parceria entre o IBC e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) sobre como iniciar um pequeno negócio.
"Eu tinha vontade de montar uma clínica, algo que me realizasse profissionalmente. Ao mesmo tempo, via como era difícil a inserção da maioria dos meus colegas (formada há mais tempo do que eu) no mercado de trabalho. O IBC oferece oportunidades de estágios e forma ótimos profissionais, mas não há mercado para eles, pois ainda existe muito preconceito contra quem tem alguma deficiência. Em geral, a lei que obriga as empresas a reservarem 5% das vagas para as pessoas com deficiência não é cumprida", denuncia.
Lançada oficialmente em junho deste ano, no Rio de Janeiro, a Amasso foi criada com o objetivo principal de apoiar o acesso das pessoas com deficiência visual ao mercado de trabalho. Trata-se da primeira associação no país formada exclusivamente por massoterapeutas cegos. Sete deles são universitários e cursam Fisioterapia. "Existem cerca de 200 massoterapeutas formados pelo IBC. A nossa idéia é botar todos eles trabalhando", diz.
A associação, que conta com o apoio do Sebrae/RJ, espera formar parcerias com empresas que invistam no bem-estar dos seus funcionários, oferecendo serviços de massoterapia (terapêutica, esportiva e estética), tratamentos de drenagem linfática, alongamento e terapias alternativas, como shiatsu, ayurvédica (massagem indiana), reflexologia e reiki. "Muitas empresas reconhecem que essas técnicas podem contribuir para melhorar o rendimento dos funcionários, pois combatem o estresse e previnem diversas patologias", afirma Omar. O grupo quer conquistar espaço também em condomínios, hotéis, shopping centers, academias, clínicas de estética, clubes etc.
Para José Carlos Silvestre da Conceição, vice-presidente da Amasso, a iniciativa pode trazer vários benefícios, entre eles, estimular a interação das pessoas com deficiência visual com a comunidade: "É uma possibilidade de fortalecer a imagem da pessoa com deficiência visual na sociedade, através do seu próprio sustento, cuidando da saúde da população".
Omar acredita que a cegueira é um fator que estimula a sensibilidade dos massoterapeutas e lhes garante uma maior habilidade. "Os meus clientes elogiam muito o meu trabalho, dizem que o toque é mais apurado. Acho que, pelo fato de não enxergar, a gente tem mais concentração no trabalho. Não queremos desmerecer ninguém, mas queremos destacar o nosso valor", ressalta.
Até o final do ano, o grupo pretende dar início a cursos e palestras para reciclagem profissional e incentivar o aprimoramento técnico de massoterapeutas cegos, para que possam ter igualdade na disputa de espaço no mercado de trabalho.
Para obter informações sobre o trabalho da Associação Brasileira de Massoterapia dos Deficientes Visuais Profissionais da Saúde (Amasso) e os serviços oferecidos, basta entrar em contato pelos telefones (21) 2482-1102, (21) 9628-7801, (21) 2482-1587 ou (21) 9655-1067.
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