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Preservação na pauta

Autor original: Luísa Gockel

Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor





Preservação na pauta


A Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e a Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação realizam em Curitiba, entre 17 e 21 de outubro, a quarta edição do Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação. De acordo com a coordenadora do Programa de Áreas Naturais Protegidas da Fundação, Verônica Theülen, a rapidez sem precedentes com que os recursos naturais estão sendo perdidos levou à quase aniquilação de um bioma inteiro no Brasil: o cerrado. "O encontro vai priorizar a história das unidades de conservação no país e em todo mundo. Pretendemos fazer uma reflexão sobre aonde queremos chegar", diz Verônica.


As unidades de conservação são espaços territoriais, cujos recursos naturais são protegidos, como parques nacionais e reservas biológicas. Segundo Verônica, hoje poucas áreas de preservação são criadas, apesar de existir um certo esforço do governo. "A situação hoje é muito delicada, pois as últimas unidades de conservação estão sendo degradadas. Não é criado um número suficiente de novas áreas e o gerenciamento das que existem é mal executado", critica.


Um dos principais temas que serão abordados no congresso é o de como a área técnica pode ajudar na preservação. Verônica explica que a troca de experiências entre pesquisadores e profissionais que trabalham com unidades de conservação é o grande trunfo do evento nesse sentido. "Percebemos que depois de cada congresso todos saem com novas idéias e mais estimulados. O encontro dá uma injeção de ânimo nas pessoas", acredita. Além disso, de acordo com a coordenadora, o evento coloca o tema na pauta, o que acaba alcançando as pessoas que tomam decisões e, conseqüentemente, influenciando na elaboração das políticas públicas.


O descaso com o problema das unidades de conservação, segundo Verônica, vem da idéia de que o país só tem a Amazônia para se preocupar. "Sempre pensamos o Brasil como um país continental. Entretanto, temos de pensar nos biomas existentes em todo o território", enfatiza. O exemplo da Mata Atlântica é a principal bandeira dos que defendem a importância de se preservar os bens naturais. "Há 30 anos, a Mata Atlântica foi explorada como se os recursos fossem infinitos. É exatamente o que está acontecendo na Amazônia agora", alerta, referindo-se à intensa devastação sofrida pela maior floresta urbana do país.


À globalização e ao desenvolvimento econômico são freqüentemente atribuídas as mazelas da natureza no mundo contemporâneo. Verônica acredita, no entanto, que não é possível nem viável brigar com os avanços do capitalismo. Segundo ela, é uma questão de definir as prioridades. "É perfeitamente possível conciliar desenvolvimento e preservação se os dois tiverem o mesmo peso na balança. Temos de priorizar o meio ambiente assim como priorizamos o desenvolvimento", recomenda. É uma questão de sobrevivência.


O prazo das inscrições via Internet encerra-se no dia 10 de outubro. Após esta data, só poderão ser feitas na secretaria do evento, no primeiro dia do congresso. Os trabalhos apresentados no encontro participarão de uma publicação. "Ter material atualizado sobre o tema contribui muito para o aperfeiçoamento daqueles que lidam com as unidades de conservação no seu dia-a-dia. E vai ajudar no avanço da preservação no Brasil", conclui Verônica. As pessoas interessadas em participar podem acessar www.fbpn.org.br ou www.redeprouc.org.br.


Luísa Gockel

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