O Nordeste e o seu outro possível

Autor original: Marcelo Medeiros

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

O Fórum Social Mundial acontece em janeiro, mas as discussões sobre um outro mundo possível começam antes. Outros eventos já estão sendo organizados para debater realidades locais e regionais. Entre eles está o I Fórum Social Nordestino, cujas inscrições foram abertas no último dia 27. O encontro de organizações e movimentos sociais está marcado para o final de novembro, em Recife (PE). A capital pernambucana receberá, do dia 24 ao 27, aproximadamente cinco mil pessoas para debater novos rumos para a região.

Assim como na versão mundial, o fórum nordestino elegeu alguns temas para guiar os debates. No evento de Recife haverá três eixos temáticos: “o desenvolvimento que temos e o nordeste que queremos”; “radicalizar a democracia” e “movimentos sociais no nordeste”. Eles foram escolhidos em reuniões estaduais e regionais realizadas desde janeiro deste ano, quando o evento começou a ser organizado. Também como na versão que reúne pessoas de diversos países, o evento nordestino contará com testemunhos, conferências, seminários e oficinas ligadas aos eixos temáticos. Apenas as duas primeiras estão a cargo do comitê executivo. As demais são auto-gestionadas e de inteira responsabilidade das entidades participantes. A programação será divulgada à medida que as inscrições sejam feitas. Mesmo assim, a expectativa é de que desses eventos saiam documentos ou grupos de trabalho que possam voltar a se reunir em Porto Alegre meses depois. “Nossa vontade é que das oficinas saiam sínteses dos trabalhos feitos e que possamos levá-los ao Fórum Social Mundial”, diz Cássia Margarete, coordenadora do Fórum de Educação do Campo, da Bahia.

O objetivo do evento, segundo os organizadores, é dar visibilidade à “questão social do Nordeste” na agenda política nacional e também debater alternativas ao atual modelo de desenvolvimento. “Queremos mobilizar quem não consegue participar dos encontros maiores, seja por falta de dinheiro, seja por causa da pequena organização local”, explica Sílvia Camurça, secretária executiva da Articulação de Mulheres do Nordeste, uma das redes participantes da comissão executiva do Fórum. Camurça também lembra que no Fórum Social Mundial chegou-se à conclusão de que era necessário democratizar a participação nas discussões, daí a idéia de construir debates menores, assim como a troca de experiências entre entidades locais.

Isso já vem acontecendo. O Centro de Desenvolvimento da Vida Herbert de Souza (CDVHS), por exemplo, vai expor seu trabalho de desenvolvimento comunitário na região de Bom Jardim, em Fortaleza. Lá, criaram a Fundesol – Agência de Desenvolvimento Local e Econômico, entidade que oferece crédito e treinamento para pessoas de baixa renda daquele local. Como uma das integrantes do comitê de mobilização para o Fórum Social Nordestino do Ceará, a organização já promoveu seis reuniões estaduais, das quais participaram 30 entidades. No dia 8 de outubro farão o lançamento do evento regional em um seminário no auditório da Associação de Docentes da Universidade Federal do Ceará (Adufce), no qual esperam 300 pessoas. A participação é gratuita. “Com esses eventos esperamos começar a trocar experiências para o fórum nordestino e, assim, chegar no evento mundial com algum ganho”, diz o coordenador de comunicação do CDVHS, Elizeu de Sousa.

Outro estado que já vem se preparando com antecipação é a Bahia. Nos dias 28 e 29 de outubro acontece, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), o primeiro Fórum Social da Bahia, com o lema “Uma Bahia Justa é Possível”. O tema central é “A Democracia e a Participação Popular”, mas também serão alvo de seminários e oficinas assuntos relacionados a política internacional, meio ambiente, cidadania, democratização da informação e mobilização social.

O Fórum Social Nordestino agregará todas essas discussões e levará a Porto Alegre, dois meses depois, os trabalhos que mostram que “outro Nordeste é possível”. A previsão é de que até o dia 8 deste mês sejam divulgados os preços das inscrições para organizações e pessoas.

Marcelo Medeiros