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Mundo descumpre a promessa de reduzir mortalidade infantil

Autor original: Mariana Loiola

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Mundo descumpre a promessa de reduzir mortalidade infantil


Todo ano, aproximadamente 11 milhões de meninos e meninas morrem antes de completar 5 anos de idade, por causas que poderiam ser evitadas com intervenções simples e de baixo custo. Em 1990, o mundo inteiro comprometeu-se a reduzir em dois terços, até 2015, a taxa de mortalidade de crianças nessa faixa etária. No entanto, o relatório Progresso para as Crianças, lançado pelo UNICEF em 7 de outubro, mostra que o progresso lento na maioria dos países deixa o planeta longe de alcançar a meta.

O estudo apresenta dados sobre a taxa de mortalidade de crianças menores de 5 anos em todos os países e as tendências de desenvolvimento de 1990 para 2002. A pesquisa mostra que, se os países continuarem nesse ritmo, o índice deve diminuir em, no máximo, um quarto até 2015. Enquanto 90 países encontram-se no caminho certo para atingir a meta, outros 98 ainda têm uma longa trilha a percorrer.

“O direito à sobrevivência é a primeira medida de igualdade, oportunidade e liberdade para uma criança. É inacreditável que nessa era de maravilhas da medicina e tecnologia, a sobrevivência de crianças seja tão frágil em tantos lugares, especialmente para os pobres e marginalizados. Nós podemos fazer melhor”, afirmou a diretora executiva do UNICEF, Carol Bellamy, durante o lançamento do relatório, em Nova Iorque.

A taxa de mortalidade de menores de 5 anos mede o número de crianças que morrem antes de completar o seu quinto aniversário por cada mil nascidos vivos. Por exemplo, em 2002, os países ricos tinham uma taxa média de sete mortes por mil nascidos vivos. Nos menos desenvolvidos, a taxa média chegava a 158 por mil.

Para atingir o 4° Objetivo de Desenvolvimento do Milênio, os países deveriam reduzir sua taxa de mortalidade em 4,4% ao ano, entre 1990 e 2015. Apesar de 50 países já terem conseguido atingir esse padrão individualmente, nenhuma região obteve esse resultado. Para o UNICEF, essa taxa é um indicador básico para medir o desenvolvimento de um país.

Brasil deve alcançar a meta

Na América Latina e no Caribe, o progresso nos últimos 40 anos foi substancial. Em 1960, a taxa de mortalidade de menores de 5 anos era de 153 por mil. Atualmente, a média da região é de 34 por mil.

No Brasil, a meta deve ser cumprida. Desde 1990, o ritmo de redução da mortalidade na primeira infância tem sido de aproximadamente 4,3% ao ano. Até 2015, o País deve conseguir reduzir a taxa de mortalidade de menores de 5 anos para 20 por mil nascidos vivos. Embora o relatório Progresso para as Crianças trabalhe com dados do ano 2000, o Brasil já conta com informações mais atuais. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa em 2002 era de 33,7 por mil nascidos vivos.

“Nosso maior desafio, no Brasil, é reduzir a distância entre Estados e regiões. No Nordeste, por exemplo, a taxa de mortalidade de crianças com menos de cinco anos em 2000 era de 50,9. Já, na região Sul, morriam 22 meninos e meninas nessa faixa etária. Se olharmos para os Estados, a situação é ainda mais alarmante. Precisamos rapidamente mudar essa situação, pois todas as crianças têm o direito à vida, independentemente do lugar onde vivem”, explica Josefa Marrato, representante adjunta do UNICEF no País.

Fatores de risco

As más condições neonatais são responsáveis pela baixa sobrevivência de crianças, na maioria dos casos. Os fatores de risco de morte incluem a falta de cuidados durante o parto, doenças infecciosas e parasitais, falta de água potável e saneamento, baixo índice de aleitamento materno e vacinação deficiente. Mais da metade (54%) dos casos de morte de crianças na primeira infância está associada à má nutrição.

O crescimento da epidemia de HIV/Aids é um dos principais fatores que levam à estagnação ou mesmo aumento da taxa de mortalidade de menores de 5 anos, principalmente nos países da África ao sul do Saara. Ali, uma em cada seis crianças morre antes de completar 5 anos. Em Botsuana, Zimbábue e Suazilândia, onde as taxas de prevalência do HIV são altíssimas, as taxas de mortalidade estão entre as cinco maiores do mundo.

Os conflitos armados também são um motivo óbvio que aumenta os riscos de morte de crianças. O Iraque, por exemplo, é o único país do Oriente Médio onde a taxa de mortalidade de menores de 5 anos aumentou desde 1990.

O relatório "Progresso para as crianças" está disponível na íntegra, em espanhol, na área de downloads desta página.






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