Autor original: Marcelo Medeiros
Seção original: Novidades do Terceiro Setor
Especialistas em inclusão social de pessoas com deficiência da América Latina e do Caribe se encontram nos dias 1º e 2 de dezembro, em São Paulo, para um evento inédito. O I Encontro Ibero-Americano sobre Inclusão Social de Pessoas com Deficiência, realizado pela Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais (Avape), entidade filiada ao Grupo Latino-Americano de Reabilitação Profissional (Glarp), debaterá, entre outros assuntos, tendências de reabilitação, avaliação de ações sociais e modelos de gestão, além de questões científicas. A participação é gratuita.
“Será um grande evento, no qual estarão presentes representantes de entidades de vários países da América do Sul. A troca de experiências será muito positiva para todos”, diz Eliana Garcia, técnica da Avape e membro da comissão organizadora.
O encontro foi dividido em duas partes. A primeira vai contar com quatro painéis de discussão: Reabilitação - Tendências Atuais; Modelos de Gestão - Alternativas para o Desenvolvimento Pessoal e Organizacional; Práticas Institucionais Influenciando Políticas Públicas e A Importância do Processo de Avaliação em Ações Sociais.
A segunda parte será mais dedicada às discussões teóricas, com a I Jornada Científica Internacional e a VII Jornada Científica Avape, que terão como temas os aspectos neurológicos do AVC [Acidente Vascular Cerebral], atuação da terapia ocupacional e psiquiatria da infância. Como resultado, a organização pretende divulgar uma proposta de ação regional desenvolvida pelos representantes de organizações sociais dos países componentes do Cone Sul (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai).
As tendências de reabilitação clínica serão comentadas, na primeira palestra do dia 1º, por Linamara Battistella, diretora da divisão de medicina de reabilitação do Hospital das Clínicas de São Paulo. Já a reabilitação profissional será abordada pelo procurador regional do Trabalho do Paraná, Ricardo Fonseca. A experiência argentina será trazida por Marta Sutter, coordenadora da Fundação Coronel Plácido Obligado y Dolores Obligado e presidente do Glarp-Argentina.
A tarde do dia 1º será ocupada por comentários sobre gestão de organizações sociais. O planejamento estratégico terá como comentarista a colombiana Libia Montoya, diretora-executiva do Comitê Regional de Antioquia. A relação entre responsabilidade social e deficientes, por sua vez, será o tema da fala do chileno Eduardo Undurraga, gerente geral da Associação Chilena de Seguridade e presidente do Glarp-Chile. Haverá também palestras sobre a importância do processo de avaliação de ações sociais e espaço para a troca de experiências de iniciativas. Entre os exemplos estão os conselhos comunitários chilenos, cujo trabalho será exposto pela coordenadora do Departamento de Terapia Ocupacional do Hospital do Trabalhador da Associação Chilena de Seguridade, Soledad Malagarriga.
O fim do dia ficou reservado para o panorama das organizações que compõem o Glarp, entidade atuante em diversos países latino-americanos e do Caribe. A Avape integra o grupo há anos e, em 2002, formou o capítulo brasileiro. Os capítulos são inaugurados quando os países atingem um bom nível de integração entre as entidades que trabalham com pessoas com deficiência. No Brasil, além da Avape, fazem parte do Glarp a Federação Brasileira de Instituições de Excepcionais de Integração Social e de Defesa da Cidadania, a Federação das Entidades Assistenciais de Santo André e a Oficina Escola.
Para Eliana Garcia, o Brasil já avançou bastante no estudo do tratamento dos problemas das pessoas com deficiência. Porém ainda peca na execução. “Em metodologia, não temos nada a dever aos estrangeiros, mas ainda não aplicamos bem o que fazemos por diversas causas. São poucas as pessoas com acesso a centros de reabilitação, por exemplo”, lamenta.
Jornada Científica
A parte científica do evento, que ocupa o segundo dia de atividades, será dedicada a apresentações de temas relacionados às hemiplegias (paralisia de um dos lados do corpo), às tecnologias aplicadas às deficiências e ao tratamento da depressão.
Em relação às hemiplegias, serão abordados os aspectos neurológicos de AVCs, espaticidade (contração muscular) e recursos de FES (aparelho de estimulação elétrica funcional) e órteses e a atuação da terapia ocupacional.
A chilena Soledad Malagarriga vai proferir palestra sobre as tecnologias utilizadas no tratamento de pessoas com deficiência. O tratamento da depressão será debatido em seguida, sob a coordenação do supervisor clínico da Avape, Márcio Simone. Serão mostrados exemplos de como tratar crianças, adultos e diferentes terapias ocupacionais.
De acordo com o Censo de 2000, existem no Brasil 24,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência – a maioria, visual. Esse número representa aproximadamente 15% da população.
As inscrições para o encontro podem ser feitas pelo endereço www.eginteractive.com.br/avape/encontroiberoamericano.htm.
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