Autor original: Mariana Loiola
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
O adolescente em conflito com a lei pode transformar a sua realidade e ainda ser agente de combate à violência por meio da construção da cultura de paz? Um projeto realizado no Paraná aposta que sim.
A Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência (Ciranda), uma das organizações integrantes da Rede Andi de Comunicadores pela Infância, deu início em outubro ao Luz, Câmera,...Paz!, projeto selecionado no Concurso Nacional Juventude e Paz, promovido pela Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese). Nesse projeto, o recurso audiovisual será utilizado para estimular a reflexão em adolescentes infratores e, principalmente, permitir que eles exponham suas idéias e opiniões.
Durante oito meses, o projeto Luz, Câmera,...Paz! vai promover atividades voltadas para meninos e meninas que cumprem medidas socioeducativas de privação de liberdade, com o objetivo de proporcionar condições para que eles reflitam sobre sua própria realidade e discutam soluções para os problemas gerados pela violência. "Todos eles apresentarão histórias e visões específicas de violência", prevê Téo Travagin, educador do Ciranda que levou a idéia do projeto para a entidade.
Serão realizadas palestras sobre violência e cultura da paz, além de oficinas temáticas sobre comunicação social e aprendizagem das técnicas de produção utilizados na mídia. Os adolescentes terão a oportunidade de participar de todos os processos da produção de um vídeo, incluindo elaboração de roteiros, definição de funções (cinegrafista, repórter, produtor, editor), captação das imagens e entrevistas, edição de cada material e definição da montagem final.
As atividades com os adolescentes devem começar em janeiro. Nesta primeira etapa, a equipe do Ciranda responsável pelo projeto está preparando o material de apoio a ser usado nas oficinas. A equipe realizará as atividades dentro das próprias unidades de internação, como a Casa Joana Miguel Richa, em Curitiba, que atende meninas infratoras. "Estamos fechando parceria com uma instituição para meninos", revela Travagin. No total, a previsão é de que 40 adolescentes participem do projeto.
Cada oficina temática, segundo o educador, terá a participação de um palestrante, especialista no tema a ser abordado: violência, desigualdades sociais, drogas, cultura de paz, cidadania ou Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), entre outros. As oficinas técnicas aproveitarão os assuntos abordados nas oficinas temáticas para falar de comunicação, jornalismo, TV, rádio, mídias alternativas, além da produção de vídeo. "Vamos levar essas diretrizes para a realização das atividades, mas o conteúdo será pensado pelos adolescentes", ressalta Travagin.
Divulgação para a sociedade
Os vídeos e os resultados do projeto serão divulgados para a imprensa de Curitiba e para outras instituições brasileiras que atuam com essa temática. "A idéia é que a oficina de vídeo ajude os adolescentes em conflito com a lei a refletirem sobre as formas de violência presentes em sua realidade, e depois a exporem a sua visão sobre o assunto para outras pessoas", diz Travagin.
O projeto vai incentivar os adolescentes para que, ao final das atividades, na divulgação do material audiovisual, eles próprios possam dar palestras em outras instituições, escolas, universidades, grupos de estudos etc. para explicar o que aprenderam no Luz, Câmera,...Paz!.
"Além de contribuir para aumentar a auto-estima desses adolescentes, pois dá a eles a oportunidade de trabalhar com o tratamento da imagem, um meio que fascina, o projeto vai levar a discussão sobre a violência para a sociedade", ressalta Travagin. Dessa forma, espera-se possibilitar uma melhor compreensão de diferentes setores sociais sobre a realidade na qual esses jovens estão envolvidos.
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