Vinte e cinco anos em defesa das crianças e dos adolescentes

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor

A Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente (Amencar) tem muito o que comemorar no seu aniversário de 25 anos, recém-completados. Ao longo desse período, cerca de 500 mil crianças e adolescentes foram beneficiados. Além disso, no último dia 18 de novembro, a entidade foi eleita para integrar o Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes (Conanda) na gestão 2005/2006. Junto com outras 13 entidades da sociedade civil e órgãos governamentais, a Amencar ajudará a construir as principais políticas do setor para os próximos dois anos no Brasil.

Atualmente, a Amencar mantém uma rede de 98 instituições conveniadas e atende 29 mil crianças e adolescentes em 14 estados do país. Boa parte dos recursos vem da ONG alemã Kindernothilfe (KNH). As atividades, os programas e projetos também contam com o financiamento de verbas públicas e da iniciativa privada, além de parcerias com governos locais e outras ONGs.

A entidade foi uma das pioneiras no Brasil em assessoria a organizações sociais. O trabalho apresenta soluções inovadoras que promovem o protagonismo infanto-juvenil, prestam apoio às famílias e estimulam o desenvolvimento sustentável das comunidades. Desta forma, contribui para a melhoria da qualidade de vida e o exercício da cidadania de crianças, adolescentes e famílias e para o embasamento de políticas públicas inclusivas da população em situação de vulnerabilidade.

Apesar de seguir uma orientação de trabalho comum, a Amencar atua de forma descentralizada, mantendo escritórios regionais que desenvolvem programas autônomos. Uma das prioridades do escritório regional Sul, por exemplo, é a pressão pela efetivação de políticas públicas. "Fazemos uma mobilização junto a conselhos e fóruns de ONGs para reivindicar a garantia de mais investimentos para projetos na área da infância e da adolescência, que não sejam de cunho assistencialista, reproduzindo a situação de exclusão, mas que auxiliem os jovens a viverem no futuro com a sua própria renda", afirma Sérgio Soares, coordenador do regional Sul, que atua nos três estados da região: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Ajuda às famílias

O regional Sudeste/Centro Oeste, que atende aos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e ao Distrito Federal, identificou as áreas com maior grau de situação de vulnerabilidade e, em parceria com outras organizações, busca soluções para os problemas da região a fim de subsidiar a formatação de políticas públicas e difundir um modelo local de desenvolvimento integrado e sustentável. "Não basta só fazer atendimento a crianças, mas ajudar também as famílias e comunidades", ressalta Hans Carlone, coordenador do regional Sudeste/Centro Oeste. Ele cita um projeto de psicultura e floricultura como uma experiência de economia solidária que tem dado certo em uma comunidade no norte de Minas Gerais. "A idéia é que o projeto se transforme numa cooperativa", diz.

A questão ambiental não é deixada de lado. O Programa Desenvolvimento Agroecológico do Nordeste, voltado para famílias de agricultores, desenvolve atividades produtivas com base na agroecologia. As crianças e os adolescentes também são estimulados a terem uma maior preocupação com o meio ambiente, como, por exemplo, nas escolas, por meio de projetos de conscientização para o armazenamento e gerenciamento de recursos hídricos, coleta seletiva e reflorestamento. O escritório regional Nordeste atua em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Bahia e Ceará.

Segundo Carmo Fuchs, coordenador do regional Nordeste, o trabalho é feito no sentido de promover ações que favoreçam o desenvolvimento local sustentável com base no protagonismo infanto-juvenil. "Buscamos envolver a criança e o adolescente em atividades como teatro, gincanas, rádios comunitárias, mutirões etc.", conta. A intenção é estimular a participação efetiva de crianças e adolescentes no processo de transformação social, como agentes de desenvolvimento da comunidade.

Mariana Loiola