Autor original: Maria Eduarda Mattar
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O Brasil é o quinto maior emissor de gases causadores de efeito estufa no mundo, graças aos altos índices de desmatamento. É o que revelam dados do Inventário de Emissões de Gases do Brasil (elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) anunciados no dia 8 de dezembro pelo governo federal. O Ministério do Meio Ambiente afirma que a situação está sob controle, mas entidades ambientalistas garantem que as informações divulgadas não mostram a realidade e que faltam ações para conter a derrubada de árvores, principalmente na Amazônia.
De acordo com o inventário - que foi apresentado na sexta, 10 de dezembro, à 10ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que está acontecendo em Buenos Aires - o Brasil emitiu cerca de 1 bilhão de toneladas de gás carbônico (CO2), 13 milhões de toneladas de metano e 500 mil toneladas de óxido nitroso em 1994. Esses gases estão entre os seis mais prejudiciais à camada de ozônio. Segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, os índices mostram que o país foi responsável por 3% das emissões mundiais desses poluentes, o que o posiciona atrás de EUA, China, Japão e Índia.
A principal fonte de emissão de gases tóxicos foram as queimadas na Amazônia. Elas representam 75% da produção de gás carbônico do país. O desmatamento na floresta entre agosto de 2001 e agosto de 2003 foi de 23.266 km², apresentando um crescimento de 28% em relação ao período anterior. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que os índices de desmatamento na região amazônica deverão se manter estáveis ou diminuir no período 2003/2004. "O governo está trabalhando em conjunto para reduzir os índices", disse a ministra durante a apresentação do inventário
O otimismo de Marina Silva contrasta com o sentimento de organizações ambientalistas. “A batalha contra o desmatamento em 2004 está perdida. Mais uma vez, há um descompasso entre discurso e ação – o que é uma triste e histórica característica do Brasil”, disse o coordenador do Greenpeace na Amazônia, Paulo Adario.
A entidade acredita que o desmatamento seja muito maior do que o anunciado pelo governo. Os dados anunciados ontem são baseados no sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), mas o Inpe costumava utilizar outro, chamado de Projeto de Estimativa de Desmatamento da Amazônia (Prodes). “Embora não se possa comparar os números do Prodes e do Deter, que usam bases de cálculo diferentes, nossas análises não deixam espaço para otimismo”, lamenta Adario. De acordo com o Greenpeace, o novo sistema detecta desmatamento apenas em áreas extensas. Se levada em consideração a derrubada de árvores em áreas de até 6,4 hectares, o número pode crescer em até 20%, diz a entidade.
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