Autor original: Mariana Loiola
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
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Desde 1998, pessoas soropositivas têm tido uma participação ativa no projeto Viva Voz, no Rio de Janeiro, para a difusão de informações sobre métodos preventivos. Criado pelo Grupo Pela Vidda - RJ, o projeto surgiu para responder a uma grande necessidade, identificada em diversos setores da sociedade, de mais informações sobre DST/Aids. "Muitas pessoas sabem como se prevenir, mas não mudam seu comportamento", comenta a coordenadora do projeto, Ana Maria Bomtempo Dias.
Com o apoio financeiro da organização alemã Misereor, o projeto Viva Voz realiza palestras preventivas em escolas públicas e particulares, empresas, unidades de saúde, associações comunitárias etc., utilizando relatos de experiências de vida. Pessoas vivendo com HIV/Aids, seus familiares e amigos são especialmente capacitados para associar suas vivências às informações necessárias a fim de transmitir a importância da adoção de práticas preventivas. A entidade realiza dois recrutamentos de voluntários por ano para atuarem como monitores no projeto.
"Para fazer as pessoas refletirem e verem que precisam usar métodos de prevenção, procuro abordar práticas que fazem parte do universo delas, como o uso de álcool e drogas nos finais de semana, o sexo oral, o coito interrompido etc. As pessoas param, pensam e vêem que a doença pode estar bem perto delas", diz Eduardo Alves de Oliveira, um dos 15 monitores do Viva Voz.
A linguagem utilizada nas palestras é adequada ao público. Voluntário do Viva Voz há cinco anos e soropositivo sabidamente há seis, Eduardo diz que o seu público preferido é de jovens. "Se você usar uma linguagem próxima à dos jovens, eles te dão uma atenção incrível", afirma. Ele cita a experiência que teve após uma palestra voltada para jovens de um projeto na comunidade da Maré. "Recebi cartas de alguns dizendo que conversaram com a família sobre o assunto e que passaram a adotar métodos preventivos."
Atualmente, além de palestras, os voluntários realizam oficinas sobre sexo seguro e treinamento para formar agentes multiplicadores de informação sobre DST/Aids em diversas instituições. Outra metodologia utilizada pelo grupo é um esquete teatral que, embora seja simples, tem tido um grande impacto junto ao público. "Tem empresas que solicitam a nossa apresentação anualmente, quando fazem a Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Sipat)", conta Ana. "Uma empresa gostou tanto do projeto que pediu para filmar o esquete para difundir as informações às suas outras unidades espalhadas pelo país".
O esquete teatral consiste de uma conversa entre três pessoas, em que uma acaba de se descobrir soropositiva. Em 25 minutos de encenação, são passadas informações básicas sobre o assunto. Em seguida, os monitores estimulam a platéia a fazer perguntas e tirar todas as dúvidas que tiverem. "Esse esquete não tem cenário, não precisa de iluminação, nem roupa especial, por isso o custo é muito baixo", afirma a coordenadora.
As palestras também não requerem necessariamente muitos recursos. "Trabalhamos com os recursos que tiverem no local." Os monitores distribuem ainda folhetos informativos e preservativos e, finalmente, fazem demonstração do uso do preservativo masculino e do feminino.
Ana destaca a importância de reforçar algumas informações, como a de que parceiro único não garante sexo seguro e a de que outras doenças sexualmente transmissíveis são porta de entrada para o HIV. Os depoimentos sobre como é a vida de pessoas com HIV/Aids também contribuem muito para a sensibilização. "É importante dizer que, embora os remédios aumentem a qualidade de vida, têm efeitos colaterais para muitas pessoas", afirma.
Neste ano, o projeto Viva Voz foi considerado um dos dez melhores do país pelo Prêmio Aids & Responsabilidade Social. "Esse resultado é um reconhecimento de um trabalho bem cuidado", orgulha-se a coordenadora.
Em 2005, além da prevenção, o projeto pretende contribuir mais para romper com o preconceito em relação às pessoas soropositivas nas empresas e nas comunidades. "Observamos muitas queixas de preconceito no ambiente de trabalho contra pessoas com HIV. Muitas não mencionam que estão infectadas, para não serem discriminadas", relata Ana. As palestras enfatizarão o combate aos estigmas e, em parceria com a assessoria jurídica do Grupo Pela Vidda, o projeto também estará pronto para intervir nos locais visitados e atuar em casos de discriminação.
Quem quiser solicitar os serviços do Viva Voz no Rio de Janeiro ou saber mais informações sobre o projeto pode entrar em contato pelo telefone (21) 2518-1997 ou pelo correio eletrônico vivavoz@pelavidda.org.br.
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