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Esperança de dias melhores

Autor original: Luísa Gockel

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor





Esperança de dias melhores


"Quando olhei a terra ardendo / Qual fogueira de São João / Eu perguntei a Deus do céu, ai / Por que tamanha judiação?". Os versos de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira que se tornaram o hino do Nordeste também inspiraram o nome do novo projeto desenvolvido pela organização Natal Voluntários com o apoio da Fundação Kellogg. Trata-se do Programa Asa Branca, cujo objetivo é o de trazer melhores oportunidades para jovens de baixa renda, proporcionando-lhes formação continuada e a sua inserção no mercado de trabalho.

No Nordeste, quando um pássaro conhecido como asa-branca aparece, é sinal de bom agouro, de dias melhores. De acordo com a diretora da organização, Mônica Mac Dowell, esse foi um dos motivos pelos quais o nome lúdico foi escolhido para o programa. "É a tentativa de proporcionar esperança a esses jovens e de criar uma identificação imediata do projeto com o Nordeste", explica.

Apesar de trabalhar com capacitação, a diretora avisa que a iniciativa é bem diferente da maioria dos programas que complementam a formação de jovens. Ela conta que no fim do ano passado, a Natal Voluntários fez uma pesquisa na região para identificar organizações que realizavam trabalho com adolescentes de baixa renda e as suas principais dificuldades. "Descobrimos que o mais difícil era inseri-los no mercado de trabalho. A maioria das ONGs só trabalha até a etapa da qualificação. O projeto Asa Branca acompanhará esses jovens até a sua colocação no mercado", afirma Mônica.

Quatro fases compõem o projeto. Na primeira delas, chamada de formação integral, os jovens receberão aulas de reforço escolar, ética no trabalho, cidadania e informática. A segunda fase corresponde à qualificação profissional e a terceira, à inserção no mercado de trabalho. Na última etapa, os jovens farão cursos específicos de acordo com a área em que estão trabalhando, com o objetivo de melhorar o seu desempenho na empresa e manter o emprego. Para realizar todas as etapas do projeto, o Natal Voluntários atuou como articulador de várias organizações e empresas diferentes. "Nesse programa, unimos diversas entidades para que cada uma contribuísse com o que faz de melhor, em vez de continuarem trabalhando sozinhas, como faziam antes", diz Mônica.

Para participar do programa, os jovens devem ter entre 16 e 24 anos, renda per capita familiar de até meio salário mínimo, estar cursando a educação pública a partir da 5ª série e residir na Zona Norte de Natal. A primeira turma deve ser formada em outubro do ano que vem e a expectativa é que, durante a capacitação, outras organizações se mobilizem e iniciem novas turmas. "Estamos começando o projeto-piloto com 50 vagas, num bairro de Natal (RN). É um modelo que estamos testando e esperamos que seja ampliado", conta Mônica.

Nessa turma, os jovens vão receber capacitação de turismo do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). De acordo com a diretora do Natal Voluntários, serão ensinados os ofícios de cozinheiro auxiliar, garçom e camareiro. "Fizemos uma pesquisa e essas são as profissões de maior empregabilidade no Rio Grande do Norte", explica. Além das aulas, os alunos terão acesso a esporte e lazer nos fins de semana, aulas de idiomas, além de uma bolsa mensal no valor de R$ 60 que será paga em troca de algum trabalho social.

Ela conta que a maioria dos jovens do programa possui uma educação deficiente e um nível de conhecimento muito baixo. "Estamos colocando o melhor em todas as etapas para formar um profissional qualificado. É claro que não queremos fazer um milagre, pois o nível educacional desses jovens é baixo, mas depois de mais de 900 horas de capacitação vamos formar um profissional preparado", garante Mônica. Segundo ela, para que o projeto possa colher bons frutos, o papel da iniciativa privada é fundamental, tanto oferecendo postos de trabalho quanto no financiamento do programa.

Luísa Gockel

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