Autor original: Maria Eduarda Mattar
Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor
A profissionalização do terceiro setor vem ocorrendo há alguns anos. Dentro desse processo, a qualificação específica e direcionada de gestores de organizações não-governamentais vem tomando corpo. Prova disso é a criação de cursos superiores e especializações voltadas para este segmento. Um exemplo é a pós-graduação lato sensu em Gestão no Terceiro Setor, criada em São Paulo (SP) pelo Centro Universitário Senac no ano passado, que está com inscrições abertas para a turma 2005/2006. São três semestres de encontros, que somarão 376 horas de aula, abordando tópicos, conceitos e realidades vivenciadas pelas pessoas que estão à frente de instituições do terceiro setor.
"O Senac-SP já atuava na capacitação de gestores nessa área. Mas percebemos que as pessoas sentiam uma carência de uma qualificação mais fundamentada, com um perfil mais de formação profissional, mais firmemente relacionada à Academia, com esse viés de formação superior ou de especialização", explica Davis Perez dos Santos, um dos professores e coordenador-substituto do curso.
O corpo docente inclui pessoas como Silvio Caccia Bava, sociólogo, diretor do Instituto Pólis, ex-presidente da Associação Brasileira de ONGs (Abong) e membro do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). Outro nome de peso é o professor da PUC-SP Ladislau Dowbor, doutor em Ciências Econômicas, consultor para diversas agências das Nações Unidas e conselheiro de ONGs. Ricardo Voltollini (TV Cultura) e Eduardo Szazi (consultor do Gife) também estão no corpo docente.
Perez explica que os professores foram escolhidos segundo critérios de experiência em entidades do terceiro setor e existência de estudos sobre a área, por parte dessas pessoas. A intenção era privilegiar pessoas que tivessem uma relação próxima da teoria com a prática. "Na seleção dos profissionais que compõem o corpo docente, procuramos pessoas que apresentassem uma produção acadêmica conceitual sobre o terceiro setor e, também, já tivessem atuado em ONGs, em entidades sociais", diz o psicólogo e doutorando em Educação.
A primeira turma da especialização se forma em junho deste ano e já dá uma idéia de que tipo de profissionais procuram o curso: a grande maioria já atua em organizações, como profissionais ou voluntariamente, e não necessariamente têm função de gestão (diretores, presidentes etc.) nas entidades em que atuam. Além disso, cerca de um terço dos alunos é de pessoas que trabalham fora do terceiro setor "e procuraram o treinamento justamente para poderem se capacitar e começar a atuar na área", explica Perez. Quanto à formação profissional, muitos são formados em Direito, Administração, Psicologia e Assistência Social.
Ferramentas de gestão, comunicação e metodologia, análise de contexto sociocultural, político e econômico fazem parte do conteúdo programático. Ao longo do curso, que se caracteriza por ter um viés bastante prático, os estudantes têm que: primeiro, escolher uma organização e fazer o diagnóstico da área em que ela atua; em seguida, elaborar um plano de gestão para a entidade e, finalmente, colocá-lo em prática na entidade.
O valor total do curso e, conseqüentemente, das prestações é um pouco elevado - o que pode despertar questionamentos se o curso poderia, de fato, atrair gestores de ONGs, uma vez que muitas entidades não têm recursos tão altos para despender com capacitação de pessoal. "Quando criamos o curso, fizemos uma pesquisa para podermos oferecer uma capacitação que fosse mais barata do que as que já existiam (cerca de oito na cidade de São Paulo, na época, final de 2003; hoje são 13), porém com um conteúdo e um corpo docentes de boa qualidade. Assim, o curso tem um valor abaixo da maioria das especializações e, no entanto, não podemos abaixar mais, com o risco de não conseguirmos manter a mesma qualidade", explica Perez.
Segundo o professor, mesmo com o valor relativamente alto das prestações, a primeira turma teve uma taxa de evasão muito baixa. "Começamos com 35 alunos e hoje temos 28. A evasão foi de 20%, muito abaixo da média registrada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação, que é de 60%", orgulha-se. Serão concedidas duas bolsas de 50%, para organizações da Rede Social Senac, que envolve 789 entidades de base comunitária.
As inscrições podem ser feitas até o dia 28 de janeiro. As aulas acontecerão às terças e quintas-feiras, das 18h30 às 22h, e terão início em março. O valor total do curso é de R$ R$ 10.440, que podem ser pagos em 18 parcelas de R$ 580. Para se inscrever é necessário ter curso superior completo e preencher a ficha disponível em www.sp.senac.br/terceirosetor. A taxa de matrícula é de R$ 50. Mais informações pelo telefone (11) 6647-5151 ou pelo e-mail posterceirosetor@sp.senac.br.
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