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Princípios para a criação da Rede Brasileira de Agendas 21 Locais

Autor original: Italo Nogueira

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

1. Apresentação


Este documento trata da justificativa e das formas de funcionamento da Rede Brasileira de Agendas 21 Locais. Trata-se de um documento-base e, ao mesmo tempo, referência para um primeiro debate no processo de formação da Rede.


O principal objetivo da Rede é o de articular instâncias (fóruns, conselhos, comissões, comitês) que desenvolvem processos de Agenda 21 local, envolvendo diversos setores da sociedade e governos locais, em todas as cinco regiões do país, para promover o intercâmbio de experiências, fortalecer a implementação dessas Agendas 21 Locais e estimular a construção de novos processos mediante a interação em rede.


A Agenda 21 Local é um dos principais instrumentos para se conduzir processos participativos para a formulação e operacionalização de planos e iniciativas de desenvolvimento sustentável. Mediante a mobilização de cidadãos e organizações, a troca de informações, a discussão de problemas e desafios com vistas à geração de consensos em torno das soluções para o desenvolvimento local, Agendas 21 locais facilitam o estabelecimento de prioridades para a gestão de um determinado território (estado, município, bacia hidrográfica, unidade de conservação, até de um bairro, ou a comunidade atendida por uma escola). A Agenda 21 permite melhor uso de outros instrumentos de planejamento e gestão, tais como orçamento participativo, plano diretor, plano da bacia hidrográfica etc, para a construção das ações e das políticas para a sustentabilidade com a efetiva participação da sociedade civil.


2. Relevância


A Agenda 21 Global é um plano de ação para o desenvolvimento sustentável no século XXI, consagrado na Rio-92, que constitui um compromisso internacional assumido pelo Brasil e cujo alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental, social e econômica perpassando em todas as suas ações propostas.


Agendas 21, em qualquer esfera, têm que estar consistentes com os valores e princípios da Carta da Terra. Ao lidar com os desafios do desenvolvimento humano, nas suas dimensões econômica, política, social e cultural, as Agendas 21 devem também estar coadunadas com políticas ambientais e fortalecer os mecanismos de participação social. A Agenda 21 Brasileira passou a ser parte programa plurianual do Governo Federal desde 2003, e assim é instrumento fundamental para a construção do Brasil Sustentável.


A implementação de Agendas 21 Locais é ação prioritária no Programa Agenda 21, o que fortalece o desenvolvimento sustentável local e a construção da cidadania ativa e da democracia participativa no país. O fortalecimento das Agendas 21 Locais e de suas respectivas instâncias representativas (entidades governamentais e não-governamentais) é fundamental para que os processos sejam implementados, continuados, aprimorados, compartilhados e para que novas Agendas 21 sejam construídas.


A criação da Rede Brasileira de Agendas 21 Locais permitirá aprimorar a qualidade dos processos por se constituir em um canal de sensibilização, troca de experiências e informações, divulgação de ações e exemplos exitosos e ampliação do debate e da rede em si, em todo o território brasileiro. Assim, esta Rede contribuirá para promover o engajamento de diversos setores da sociedade na implementação de políticas locais voltadas ao desenvolvimento sustentável e ao aumento da qualidade de vida da sociedade e do meio ambiente.


Finalmente, importa reiterar que a constituição e o funcionamento de redes de organizações é prática em todos os setores, uma vez que permite sinergia e maior eficácia dos esforços empreendidos pelos membros da rede. Por isso, pensamos que a criação de uma rede de Agendas 21 locais poderá impulsionar as iniciativas de desenvolvimento sustentável no país.


Nesse sentido, a proposta de formação da Rede é desejável e possível já que, por um lado, há múltiplas iniciativas de construção de Agendas 21 Locais, a partir dos diversos setores e comunidades, com dinâmicas e características próprias. Por um outro lado, as informações e conhecimentos sobre as experiências de Agendas 21 Locais pouco se integram, o que contribui para o enfraquecimento dos diversos processos que antes começaram com força total.


3. Criação da Rede Brasileira de Agendas 21 Locais


Funcionamento da Rede


A Rede, portanto, deverá dar consistência à questão do desenvolvimento sustentável local, através das Agendas 21 Locais, e propiciar informação, comunicação e trabalho conjunto entre entidades, setores e locais diferentes, de forma articulada, integrada e participativa.


Nesta perspectiva, o objetivo geral da Rede é:


. Fortalecer a implementação de Agendas 21 Locais, mediante o intercâmbio de experiências, a disseminação de informações e o estímulo para a construção de novos processos em Agendas 21 locais. Como atividades para consecução de tais objetivos, a Rede deverá, entre outras:


. Apoiar a articulação de entidades interessadas em apoiar e promover a construção, a implementação e o fortalecimento de Agendas 21 Locais;


. Facilitar e ampliar a interlocução entre os diferentes atores que trabalham com o tema;


. Facilitar o acesso a informações relevantes para entidades interessadas ou envolvidas na construção e implementação de Agendas 21 Locais;


. Propiciar uma cultura de trabalho em rede, levando em conta as particularidades de cada entidade participante.


Princípios que podem nortear o funcionamento da Rede:


. A REDE tem como único pré-requisito para dela participar o tema Agenda 21 Local. Não faz discriminações de ideologias, partidos políticos, ou de natureza social e cultural;


. É uma rede aberta, multi-setorial, constituída por organizações governamentais, do setor acadêmico, do setor empresarial e da sociedade civil que participam ou participaram de processos de Agenda 21; por fóruns, conselhos e instâncias articuladoras de Agendas 21 locais;


. não é uma rede político-partidária;


. é uma Rede que produz informações que sejam públicas, capazes de gerar novos conhecimentos;


. é uma Rede de Trabalho, no sentido do movimento, da troca, do intercâmbio para fortalecer os objetivos da rede;


. o uso da Internet como um dos instrumentos geradores de participação é essencial, sendo que a REDE não deve ser confundida como um mero instrumento de comunicação digital;


. a criação de oportunidades presenciais de encontros através de reuniões, seminários e eventos relacionados ao tema é desejável;


. é uma rede plural, no sentido de trabalhar divergências na busca de consensos;


. é uma rede dinâmica que irá fazer com que as relações construídas no processo contribuam para gerar transparência na troca e disseminação de informações e na produção de documentos e atividades conjuntas;


. é uma rede com identidade de objetivos e um projeto comum que induz à participação no fortalecimento das Agendas 21 Locais Brasileiras;


. é um veículo de informações, onde a ética, a transparência e os laços de confiança são valores primordiais.


Formas de participação na Rede


A participação das entidades na rede pode ser através de:


. propostas de estratégias de funcionamento e consolidação da rede; gestão da rede;


. produção de conteúdos sobre as temáticas que norteiam a rede;


. animação dos debates;


. disseminação de informações pertinentes relacionadas ao tema;


. contribuição para a divulgação da REDE em toda a rede de relacionamento dos participantes; constituição de núcleos setoriais ou regionais.


Processo de finalização do Documento de Princípios para a criação da Rede


1 º passo - apresentar a proposta do documento base no FSM com a sugestão de criação da rede.


2 º passo - disponibilizar documento base nos sites do FBOMS e do MMA para colher sugestões de aprimoramento e reunir nomes das entidades interessadas em participar da Rede até final de março.


3 º passo - Consolidar o documento base de Princípios da Rede com base nas sugestões recebidas.


4º. Passo - Divulgar o documento para a criação da Rede a partir de junho.

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