Autor original: Mariana Hansen
Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor
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O Programa Incubadora Social, promovido pela Academia de Desenvolvimento Social, de Recife (PE), é o meio de a organização materializar seu apoio aos grupos jovens. Ela pretende fortalecer a capacidade empreendedora e de liderança de grupos que necessitam amadurecer sua proposta de mudança social. A falta de apoio aos jovens foi uma das razões que levaram à criação da Incubadora, nascida em 2002. Segundo a coordenadora geral do programa, Angélica Rocha, "existem algumas iniciativas, mas não há nada que possa de fato fortalecê-los". É como se a sociedade não acreditasse no potencial desses jovens e visse seus trabalhos apenas como uma alternativa para não ficarem ociosos.
Outro ponto ressaltado por Angélica é que muitas das iniciativas que envolvem jovens visam somente à formação do indivíduo e têm caráter protecionista. A proposta da Incubadora Social é, ao contrário, não formar, mas trocar experiências (alguns grupos apoiados são mais antigos que a própria Incubadora); não proteger, mas promover sua autonomia e fazer que com o passar do tempo dependam menos do programa.
Essa lacuna no suporte ao movimento não inibe o surgimento de novos grupos, mas a continuidade dos que já existem, comenta Angélica. Seu surgimento deriva da iniciativa e do estímulo do próprio grupo, de uma inquietação frente a alguma realidade vivida. O resultado dessa sede de mudança são trabalhos complexos, continuados e com anos de duração. Angélica diz que a Incubadora não teme uma sobrecarga de sua iniciativa, devido à ausência de outros apoiadores, pois acredita no efeito multiplicador das suas atividades.
Ou seja, os grupos apoiados passam a dar suporte a novos grupos que vão surgindo, embora aplicando metodologias diferentes, mas com o mesmo intuito de fortalecer o movimento juvenil. Aqueles que recebem apoio da Incubadora são considerados parceiros. Segundo Angélica, a intenção é se articular com a juventude, não articulá-la. É nesse sentido que o programa atua, construindo um espaço de discussão para se falar qual é a cara do jovem hoje.
Metodologia e acompanhamento
O suporte oferecido aos grupos muda de acordo com a sua maturidade e o seu desenvolvimento. A base da metodologia da Incubadora está no que chamam de "facilitação". Para isso, é designada uma pessoa para trabalhar com cada grupo de forma continuada, no dia-a-dia. Ela será uma "facilitadora", tendo um papel fundamental no início do programa, pois atua como elemento neutro, fazendo provocações à equipe, ministrando cursos e oficinas e ajudando na caminhada em busca de sua autonomia. Desta forma, com o passar do tempo, e de acordo com a evolução do grupo, o papel do facilitador vai diminuindo.
A proposta pedagógica da Incubadora Social se estrutura em quatro fases, com duração média de quatro anos, dependo do amadurecimento de cada grupo parceiro. Em cada fase existe um objetivo a ser alcançado. É um processo de construção conjunta, amadurecido diariamente com convivência. "Uma relação de mão dupla", diz Angélica. Primeiro há um diagnóstico, quando a Academia vê qual o tipo de apoio de que a equipe precisa e se o programa pode dar esse suporte. Depois vem o processo de aproximação e desenvolvimento das atividades para amadurecê-los e permitir que efetivem as transformações sociais que almejam no mundo, causando impacto e desenvolvimento social.
A materialização do programa se dá de cinco maneiras, que vão desde vivências em grupo para o fortalecimento de lideranças e relações internas, com apoio de terapeuta corporal, psicólogo, consultores e do facilitador, passando por capacitações em gestão; estímulo à formação de rede de articulação com outros agentes sociais através de eventos, encontros e visitas; suporte de infra-estrutura de trabalho e até um fundo de apoio financeiro para consolidação e autonomia do grupo.
É importante deixar claro que a Incubadora não pretende formar ou educar jovens, mas sim potencializar o empreendedorismo social e a liderança de grupos juvenis. Trabalha-se o coletivo acima de tudo.
A meta da Incubadora é apoiar em média 20 grupos por ano, mas, atualmente, só atinge metade desse número. Para alcançar o objetivo inicial, este ano, está fazendo uma enorme campanha, com cartazes em mais de mil ônibus, no metrô, chamadas em rádios comunitárias e na internet. Todo o programa é subsidiado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pela Fundação Kellogg. Ou seja: o acompanhamento é gratuito.
Em um balanço da atuação da Incubadora, Angélica acredita que estão indo pelo caminho certo, porém "há uma longa caminhada pela frente". A Academia ainda está começando a construir a avaliação de impacto, mas percebe que este tem sido positivo tanto nos grupos como na comunidade. Mesmo não pretendendo levar a Incubadora para outras localidades, hoje o programa apóia à distância um grupo no Piauí.
Grupos juvenis da região metropolitana de Recife (PE) – com integrantes com idade entre 18 e 30 anos – que estejam desenvolvendo ações de transformação social nas suas comunidades podem se candidatar ao apoio da Incubadora. O formulário para apresentação de proposta está disponível no site da Academia www.academiasocial.org.br. Mais informações pelo correio eletrônico incubadora@academiasocial.org.br ou pelo telefone (81) 3423-4102.
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