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Por uma saúde que fortaleça a cidadania

Autor original: Joana Moscatelli

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor





Foto do cartaz: Desinformação mata, sexo seguro protege a vida
www.musa.org.br

Há 16 anos, a organização não-governamental Musa – Mulher e Saúde promove os direitos das mulheres à saúde e à cidadania com ações e programas de conscientização e capacitação. A entidade foi criada por quatro profissionais de saúde que se afastaram da direção de cargos públicos ao sentirem a necessidade da formação de um espaço de articulação política e de acompanhamento da qualidade técnica dos serviços públicos de saúde prestados à mulher em Belo Horizonte (MG).

Segundo a presidente da entidade, Rachel de Almeida Costa Andrade, a Musa enxerga a saúde como um instrumento para o fortalecimento pessoal e social da mulher. "Ela pretende transformar cada mulher em uma agente multiplicadora, para que cada vez mais mulheres tenham consciência de seus direitos e de seu papel na sociedade", diz. Para ela, políticas públicas nessa área existem. A dificuldade está em aplicá-las na prática, no dia-a-dia. "As políticas públicas são muito bonitas no papel, mas quem comanda ainda esse país são os homens e existe muito preconceito e falta de consciência até da própria mulher", afirma Andrade. Outro desafio, aponta, é a carência de uma estrutura adequada e eficiente da rede pública de saúde que atenda às necessidades da mulher.

Ao longo da sua atuação, a Musa tem procurado dar maior visibilidade à questão da saúde da mulher e alertar o sistema de saúde pública sobre a demanda que existe nessa área em Belo Horizonte. A instituição pretende promover a saúde integral, reduzir os índices de mortalidade feminina, transformar as relações de gênero e fortalecer o exercício da cidadania. A intenção é representar a sociedade civil no controle social das ações de saúde pública prestadas à mulher, desde a adolescência até a velhice.

Entre os programas da entidade está o de Controle Social de Políticas Públicas de Saúde, que atua na elaboração e implementação de políticas públicas para a saúde da mulher, em parceria com organizações públicas e não-governamentais.

Outra iniciativa é o Programa de Educação Popular em Saúde, desenvolvido em comunidades pobres e com grupos específicos, que visa fomentar o protagonismo e a autonomia das mulheres através de uma educação que valorize sua cultura e sua realidade. O programa busca lutar contra a discriminação e a violência contra a mulher, difundir os instrumentos nacionais e internacionais de proteção aos direitos femininos e, finalmente, sensibilizar autoridades sobre a importância da implementação de políticas públicas eficazes.

A ONG também capacita profissionais de saúde e educação para atuarem dentro das perspectivas de gênero, saúde, direitos sexuais e reprodutivos e práticas educativas, realiza estudos e pesquisas em saúde da mulher e produz materiais educativos e informativos no intuito de fortalecer e ampliar o debate sobre saúde e sexualidade.

Com o objetivo de oferecer suporte teórico sobre a questão da mulher e estimular atividades de leitura, foi construída uma biblioteca de livre acesso ao público que oferece um acervo variado para leitura, pesquisa e recreação. Estão disponíveis cerca de 400 livros, quase 200 vídeos e outras publicações (teses, folders, cartilhas etc.)

Outra atividade importante foi a Formação de Profissionais da Rede Básica de Saúde de Belo Horizonte, responsável pelo treinamento de cerca de 300 profissionais – médicos(as), enfermeiros(as) e assistentes sociais – que atuavam com planejamento familiar, gênero e direitos reprodutivos. Esta foi uma parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte, a Secretaria Municipal de Saúde e a Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais.

A entidade já atuou também em projetos que abordavam temas como métodos contraceptivos, redução da violência doméstica e sexual entre adolescentes e prevenção de DST/aids, entre outros.

Como afirma em seu site, a Musa – Mulher e Saúde é uma organização feminista que "compreende que as relações de gênero se articulam com as de geração, classe, raça e etnia e que o feminismo é um elemento constitutivo de um projeto global de transformação da sociedade que se propõe a criar condições de cidadania e igualdade para todas e todos".

Joana Moscatelli

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