Autor original: Italo Nogueira
Seção original: Uma entrevista semanal sobre temas relevantes para o Terceiro Setor
A meta de toda pesquisa vacinal é alcançar um produto de baixo custo, capaz de ser transportado, resistente a mudanças de temperatura e que possa ser aplicado por via oral com o mínimo possível de doses. A vacina ideal de HIV ainda pede capacidade de prevenção para todos os tipos e subtipos, independentemente das vias de transmissão.
Não se tem idéia de quando chegará essa vacina ideal – nem se realmente será descoberta -, mas os testes que vêm sendo desenvolvidos podem permitir uma prevenção local – pois os diferentes tipos de vírus têm também relação com o território – ou uma dose vacinal combinada para alcançar a imunização.
Os testes são compostos por quatro fases. No entanto, antes de começar a pesquisa com seres humanos, as candidatas a vacina são testadas em animais – geralmente macacos –, para garantir a segurança dos voluntários. No caso do HIV há uma pequena complicação, pois o vírus não deixa macacos doentes. Para contornar o problema, é usado o SIV – vírus da imunodeficência nos símios – ou uma combinação deste com o HIV, chamada de SHIV.
Durante a Fase I, que conta com um grupo pequeno de voluntários (coorte, na linguagem científica) – no máximo 100 –, o foco dos testes são os efeitos colaterais que a vacina pode causar. Não há risco de contaminação, pois o vírus injetado é inofensivo. A Fase II estuda, principalmente, a taxa de imunização (imunogenicidade) da vacina nos voluntários, que desta vez é de 200 a 500. Na Fase III é testada a eficácia da vacina. Nesta etapa, a coorte é bem maior – mais de mil integrantes –, composta por pessoas com maior risco de contaminação – principalmente soronegativos casados com soropositivos. Na Fase IV, a vacina é liberada para uso em determinadas populações, mas continua sob forte observação.
Muitos já foram os testes para vacinas que não deram certo. No entanto estas pesquisas supostamente improdutivas fornecem muitas informações importantes para os testes seguintes. Atualmente, algumas pesquisas combinam as fases I e II para agilizar o processo, quando o produto se mostra promissor.
Outra medida para alcançar mais rapidamente uma vacina anti-HIV eficaz é a realização de testes simultaneamente. Estão sendo utilizados atualmente três tipos de estratégias vacinais. Elas se diferenciam pelo modo como é construído o vírus da vacina que será inoculado na pessoa para estimular a produção de anticorpos.
Todos os voluntários, das três primeiras fases, não podem estar contaminados pelo HIV. A maioria dos que se dispõem a participar tem algum envolvimento pessoal com a epidemia, conhecendo parentes com a doença ou mesmo sendo parte de casais sorodiscordantes.
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