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Novos ares: de internos a voluntários

Autor original: Mariana Hansen

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor





Novos ares: de internos a voluntários
Divulgação

Longe do pesado ambiente do presídio e da vigilância da guarda policial, internos do Centro de Progressão Penitenciária Dr. Edgard Magalhães de Noronha, em Taubaté (SP), encontram uma nova chance de inclusão social, desempenhando trabalho voluntário fora da unidade. Os reeducandos, como são chamados os internos, são selecionados pelo Centro de Qualificação Profissional e Produção (Cqpp) da unidade e encaminhados para escolas públicas, organizações e empresas parceiras do presídio na região.

Dos 1.400 presos, mil desempenham trabalhos dentro e fora da casa de detenção. A função de um Centro de Progressão Penitenciária (CPP) semi-aberto, como no caso do Magalhães de Noronha, é a ressocialização do preso, e o trabalho fora da unidade vai ao encontro desse objetivo. O regime semi-aberto permite que o interno saia para trabalhar, das 7h às 19h, e fique recluso somente durante a noite.

Uma das entidades que os recebem é a Associação para a Valorização e Promoção de Excepcionais (Avape), onde os internos trabalham no Centro de Convivência. A parceria, que já existe há oito anos, permite que um pequeno grupo de detentos, em regime semi-aberto, fiquem das 7h às 16h30 na entidade, fazendo serviços gerais como limpeza e manutenção do local, além de capinarem a roça.

A parceria com a Avape foi iniciativa da própria ONG, após ter tomado conhecimento do trabalho feito pela casa de detenção em escolas municipais e estaduais da região e ter considerado os resultados desses convênios benéficos. Os internos do Magalhães de Noronha receberam a iniciativa de forma positiva, pois se sentem bem por estarem prestando algum tipo de ajuda ao próximo, ainda mais sendo crianças como as atendidas pela Avape, conta o diretor do Cqpp Luis Henrique Vilela. A seleção dos reeducandos que vão trabalhar na entidade segue o critério de já terem prestado serviços em outros lugares anteriormente de uma maneira satisfatória e terem uma boa conduta disciplinar dentro da unidade

Cada três dias de trabalho representam a redução de um dia na pena do interno. Mas, esse não é o único benefício do projeto. A possibilidade de reconhecimento e respeito também motivam os reeducandos. Segundo a coordenadora do Centro de Convivência da ONG em Taubaté, Ofélia Eugênia de Araújo, a iniciativa é "uma oportunidade de inclusão social para os internos e, para a Avape, é uma ajuda no que diz respeito ao trabalho dentro da unidade". Os internos são tratados como qualquer outra pessoa que trabalha na ONG e participam, uma vez por semana, de reuniões de grupo, onde debatem assuntos de seu interesse e aprendem noções de vestimenta, higiene e postura.

Para Luis Henrique, "a parceria auxilia nos trabalhos de ressocialização, no processo de conscientização dos reeducandos para sua eventual liberdade e oferece uma sensação de bem-estar por auxiliar a entidade, pois conhecemos as dificuldades existentes para que a mesma se mantenha". Ele ainda acredita que para os internos é uma excelente oportunidade de conviver com um órgão da sociedade de grande filosofia, criando neles uma conscientização positiva de ajuda ao próximo e os auxiliando no processo de ressocialização. "Nós percebemos uma mudança na postura deles, uma mudança para melhor", arremata Ofélia.

Mariana Hansen

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