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Agroecologia e geração de renda no extremo sul da Bahia

Autor original: Mariana Hansen

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor





Agroecologia e geração de renda no extremo sul da Bahia
www.funbio.org.br
Atuando desde 1993, a organização não-governamental Terra Viva – Centro de Desenvolvimento Agroecológico do Extremo Sul da Bahia busca o fortalecimento e a consolidação da agricultura familiar através de sistemas sustentáveis de produção. Para isso, desenvolve projetos de reforma agrária e de apoio a agricultores familiares tradicionais.

A proposta tecnológica da entidade tem como base a agroecologia. A partir desse conceito, tem realizado experiências de implantação de sistemas agroflorestais voltados, principalmente, para a produção de frutas tropicais em 18 dos 21 municípios que compõem a região. Os principais projetos realizados nesse campo são o Programa de Educação Agroecológica e Disseminação de Sistemas Agroflorestais no Vale do Jucuruçu, o Projeto Riacho das Ostras e o Projeto Itanhém. A organização tem ainda um projeto voltado para a saúde familiar, chamado Sistemas Independentes de Promoção de Saúde.

As iniciativas de produção agroecológica são desenvolvidas em dez comunidades de agricultura familiar, assessoradas na implantação e no desenvolvimento de sistemas variados, com foco em geração de renda e produção de alimentos, além de conservação da biodiversidade. Os principais sistemas desenvolvidos são à base de frutas tropicais, recuperação agroecológica da lavoura cacaueira, recuperação florestal de nascentes, sal comunitário para bovinos, criação de suínos sorocaba, apicultura e piscicultura familiar. Cerca de 164 famílias são beneficiadas com esses projetos. A meta é desenvolver de forma participativa alternativas que garantam a manutenção e preservação dos recursos naturais existentes, além de fortalecer a agricultura familiar, com o objetivo de subsidiar a formulação de políticas públicas que promovam a crescente sustentabilidade do meio rural.

O trabalho desenvolvido no Vale do Jucuruçu, por exemplo, já possibilitou o reflorestamento de cinco nascentes e o enriquecimento dos sistemas produtivos existentes, tendo como principal produto o cacau. O uso de cercas e mourões vivos reduz a necessidade de derrubada de árvores. O trabalho envolve ainda um sistema de criação de pequenos animais e o aumento da inter-relação entre sistemas produtivos agrícolas e animal.

No assentamento Riacho das Ostras, localizado na Costa do Descobrimento, o Terra Viva atende 87 famílias assentadas no local. A ocupação ocorreu em 1987. Desde então, foram implantados sistemas produtivos com baixa sustentabilidade ambiental, o que contribuiu para a degradação da floresta nativa, a Mata Atlântica. Hoje, porém, existem 44 áreas de produção, com o total de 181 hectares cobertos com 39 espécies frutíferas e 59 florestais nativas. O que antes era um enorme pasto agora está completamente arborizado.

Outro projeto desenvolvido pela organização é o Projeto Itanhém, realizado na cidade de mesmo nome e que atende 81 famílias da região. A iniciativa – que hoje envolve mais de 50 agricultores – desencadeou uma nova consciência nos produtores rurais locais. Atualmente o projeto caminha para a construção de um plano de desenvolvimento sustentável para o município. Já foram implantadas 13 áreas com sistemas agroflorestais, com mais de 15 mil mudas frutíferas e florestais. Também houve a recuperação florestal de 11 nascentes em regime de mutirão comunitário.

Na área de saúde, o projeto Sistemas Independentes de Promoção da Saúde (Sips) “visa, num médio prazo, à melhoria da saúde de populações em quatro comunidades rurais de baixa renda, através do avanço na qualidade alimentar e nutricional. Utiliza para isso o cultivo e o consumo de alimentos e remédios caseiros naturais, produzidos em sistemas de plantio manejados pelas próprias famílias”, explica a coordenadora de Desenvolvimento Institucional da entidade, Maria Aparecida Oliva Souza. O Sips abrange 69 famílias, totalizando cerca de 400 pessoas, das quais 43% são crianças e adolescentes. Entre suas metas figuram a redução em 80% do índice de ocorrência de doenças como gripes, verminoses e problemas dermatológicos e a geração de conhecimento sobre alimentação alternativa, segurança alimentar e medicina natural para 80% das famílias. Esse conhecimento é compartilhado, posteriormente, com outras comunidades e instituições.

Segundo Maria Aparecida, o Terra Viva pretende ainda envolver os órgãos públicos no fomento, na implantação e na difusão do desenvolvimento rural sustentável, além de criar uma cultura de consumo solidário e justo, com impacto direto sobre a renda e a qualidade de vida da população regional.

Mariana Hansen

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