Você está aqui

Conservação: opção mais barata e eficiente

Autor original: Italo Nogueira

Seção original: Novidades do Terceiro Setor






Conservação: opção mais barata e eficiente
Divulgação

O World Wildlife Fund (WWF) lançou no dia 22 de junho o livro “Águas, cidades e florestas” com o objetivo de divulgar a importância das Unidades de Conservação (UCs) para a proteção da água que abastece as cidades. Muitas vezes acusado de entrave ao desenvolvimento, o meio ambiente aparece nesta publicação de modo contrário, como forma de estímulo ao crescimento através de técnicas baratas de armazenamento e purificação da água.

As florestas contribuem para o armazenamento e purificação da água, pois diminuem o escoamento pela superfície e ajudam a fixar o solo, evitando o assoreamento dos rios. Contribuem também para evitar enchentes, pois atenuam os picos de vazão dos rios.

Todas estas são explicações do coordenador do Programa Água para a Vida – Conservação e Gestão da Água Doce do WWF, Samuel Barreto, que também organizou a publicação. “O objetivo foi demonstrar a importância das áreas protegidas para o abastecimento de água nas cidades. Com esse estudo, esperamos contribuir principalmente com as companhias de saneamento para que possam adotar novas medidas na conservação e gestão de água. Esperamos também contribuir com os Comitês, Consórcios e Conselhos de Bacias Hidrográficas no Brasil”, explica Barreto. O estudo, com parceria do Banco Mundial, foi feito nas 105 maiores cidades do planeta. No Brasil, foram analisadas Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Salvador (BA), Brasília (DF) e Porto Alegre (RS).

A conservação das UCs favorece diretamente os moradores das cidades. A utilização deste mecanismo natural pode substituir os gastos com os sistemas tradicionais de tratamento da água, tornando mais barata a chegada de água até as casas das pessoas. “Proteger o meio ambiente não é um obstáculo ao desenvolvimento do país como temos ouvido falar insistentemente por alguns setores. É, sim, um elemento que precisa ser considerado nos diversos planejamentos para que não aconteçam prejuízos no futuro. E, se bem manejados, os recursos naturais podem ser um fator de alavancamento no desenvolvimento do país, na geração de empregos e inclusão social”, afirma Samuel Barreto.

O organizador da publicação cita o exemplo de Nova Iorque, onde os habitantes decidiram pagar para manter a vegetação em torno dos mananciais. “Isso aconteceu não porque eles são ‘conscientes’, mas porque seria mais barato do que tratar água poluída ou fazer grandes obras de engenharia para transposição de água”, alerta Barreto. Foram gastos em dez anos cerca de US$ 1,5 bilhão de dólares, que, embora seja um investimento alto, foi, de acordo com Barreto, seis vezes menor do que o que teria sido gasto com o método tradicional.

Florestas sofrem com crescimento urbano

Barreto aponta o crescimento urbano desordenado como um dos vilões contra a conservação destes espaços de proteção dos mananciais. O êxodo rural, que muitas vezes pressiona o crescimento da cidade, faz com que o desmatamento cresça a cada ano. Para evitar o problema, um planejamento urbano que alie desenvolvimento, crescimento e, principalmente, respeito ao meio ambiente seria a chave. A conservação desta vegetação não é só uma obrigação ambiental, mas uma forma eficaz de garantir o desenvolvimento local.

Embora não aponte uma negligência total frente às Unidades de Conservação, Barreto afirma que é necessário capacitar técnicos ambientais para a elaboração de programas. Além disso, a presença destes profissionais em outros projetos incluiria as UCs como alternativa ao modelo de desenvolvimento, que neste caso se mostra a melhor opção – inclusive econômica. “É preciso capacitação e integrar a questão ambiental nas diversas políticas setoriais”, defende.

Barreto reclama também de alguns indicadores que negligenciam a participação ambiental em sua equação. Cita como exemplo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). “No Vale do Ribeira (SP) isso é um problema porque os municípios que têm Unidades de Conservação em seu território têm IDH baixos, comparados a outras regiões bastante pobres do Brasil. Isso é um problema porque a leitura que o prefeito faz é que Unidades de Conservação bloqueiam o desenvolvimento do município”. Para Samuel, é necessário encontrar formas de compensar financeiramente estes municípios.

A publicação estará em breve no site do WWF, www.wwf.org.br.

Italo Nogueira

Theme by Danetsoft and Danang Probo Sayekti inspired by Maksimer