Autor original: Mariana Hansen
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Uma ameaça crescente à saúde infantil no mundo todo, as doenças pneumocócicas são responsáveis pela morte de mais de 1,2 milhão de crianças com menos de cinco anos nos países em desenvolvimento. A bactéria pneumococo é responsável por um terço dos cinco milhões de óbitos anuais por pneumonia nesses mesmos países. No Brasil, a meningite pneumocócica, em crianças com menos de um ano de idade, apresenta taxa de letalidade de 27,5%. Ciente desse quadro – e querendo ajudar a revertê-lo - o Instituto PneumoMening acaba de lançar a Campanha de Conscientização da População sobre Doenças Pneumocócicas e suas complicações.
Apesar das doenças causadas por pneumococos representarem uma crescente ameaça à saúde tanto de crianças como de adultos, essa é a primeira campanha feita no país. “Infelizmente o assunto prevenção ainda não é valorizado no nosso país, entretanto quando você sabe que uma doença pode ser evitada, surge realmente a necessidade de se fazer algo para que as pessoas saibam pelo menos da existência da doença e as formas de prevenção”, explica o presidente do Instituto, Ricardo Ohira.
A Campanha será divulgada em diversos meios de comunicação – televisão, rádio, cinemas e revistas – de alcance nacional. Também está sendo trabalhada a divulgação junto a outras entidades para ampliar o alcance da campanha. “Atualmente o governo, através dos Cries [Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais], disponibiliza a vacina apenas para crianças imunocompetentes. Entretanto a maioria da população não sabe que podem se beneficiar da vacina e muitos profissionais de saúde desconhecem esta possibilidade. Nosso próximo passo é conscientizar as instituições que cuidam dessas crianças, para que as informações sejam disseminadas entre a população que necessita e não pode pagar pela vacina”, informa Ohira.
A iniciativa pretende conscientizar as pessoas, principalmente os pais, para que procurem o pediatra e se informem melhor sobre essas doenças e como elas podem ser prevenidas. A maior expectativa em relação à campanha é “contribuir para a redução do número de pessoas que sofrem com as seqüelas, evitando que crianças morram por uma doença que hoje pode ser prevenida”, explica Ohira.
Segundo o presidente do Instituto, até 2001 não existia vacina contra as doenças pneumocócicas. Hoje, a partir dos dois meses de idade, a criança já pode ser protegida através da imunização. A vacina está disponível apenas nas clínicas de vacinação privadas e a criança precisa de quatro doses para estar completamente imunizada.
Invasão e resistência
As doenças causadas pelo pneumococo são classificadas de duas maneiras: invasivas e não invasivas. A bacteremia (infecção bacteriana do sangue) e a meningite são denominadas doenças invasivas pneumocócicas graves. As não-invasivas são a pneumonia bacteriana, otite média aguda e sinusite, que, se não tratadas ou se tornarem resistentes ao tratamento, podem levar à perda da audição, dificuldades no aprendizado, retardo na fala e às vezes até a morte.
O rápido aparecimento de tipos de Streptococcus (S.) pneumonia, nome cientifico do pneumococo, resistentes a antibióticos tem se mostrado um problema significante em muitos países, e que não é encarado em outras patologias. Isso também tem tornado o controle de todas as formas de doenças pneumocócicas muito mais difícil.
Nos países em desenvolvimento as doenças pneumocócicas têm tido uma incidência maior. Ricardo Ohira explica que “a infecção pela bactéria pneumocócica é prevalente em qualquer país do mundo. Nos países em desenvolvimento, porém, onde as condições básicas de saúde são mais precárias do que nos países ricos, as doenças por esta infecção tendem a ser mais prevalentes, como também suas complicações. O sistema imunológico das crianças menores de cinco anos está mais vulnerável em termos de resistência imunológica, e por isso que a incidência das doenças é maior”, conclui.
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