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Mídia inclusiva para uma sociedade mais igual

Autor original: Italo Nogueira

Seção original: Novidades do Terceiro Setor






Mídia inclusiva para uma sociedade mais igual
Divulgação

Há um ano e meio a Escola de Gente recebeu o desafio, lançado pelo Banco Mundial, de elaborar um livro sobre sociedade inclusiva e como ela era representada – ou não – na mídia. No dia 15 de julho, foi lançado o Manual de Desenvolvimento Inclusivo para Mídia e Profissionais de Comunicação, desenvolvido pela Escola de Gente, em parceria com a ONG Save the Children Suécia e Petrobras. A publicação pretende integrar os profissionais de comunicação e formadores de opinião na discussão sobre o desenvolvimento inclusivo, conceito ainda pouco conhecido pelo público e pelos jornalistas, e os direitos das crianças – contribuição dada, na publicação, pela ONG sueca.

O desenvolvimento inclusivo tem como meta mostrar a relação entre pobreza e deficiência, indicando que as políticas públicas não devem tratá-las separadamente. Para Cláudia Werneck, presidente da Escola de Gente e autora do manual, a mídia tem um papel fundamental na mudança de rumo na visão destes dois temas, contribuindo para a exigência de combate ao problema.

“A idéia é que o Manual também seja um ‘bom parceiro’ de jornalistas nas redações, nas universidades e nos departamentos de comunicação das empresas, dos governos e das organizações da sociedade civil, a ser consultado para dar aos temas de desenvolvimento um enfoque inspirado no conceito de sociedade inclusiva”, explica Cláudia Werneck, na apresentação do manual.

A maior carência percebida no que se refere ao assunto é a falta de destaque para a questão do acesso de pessoas com deficiência nas políticas de desenvolvimento. O aspecto econômico, na maioria das vezes, deixa de lado a preocupação com uma política inclusiva. Deste modo, seguindo o desenvolvimento inclusivo, o investimento na escola, por exemplo, não poderia estar dissociado da atenção às pessoas com deficiência, com a criação de rampas, banheiros acessíveis, entre outros pontos. “Muitas vezes as crianças pobres com deficiência ficam invisíveis na luta por direitos humanos”, afirma Werneck, indicando uma segunda exclusão destas pessoas. “A nossa visão pressupõe que a diversidade é um valor e que deve ser valorizado”, pondera.

O manual serve também para as ONGs avaliarem seus trabalhos e sua forma de atuação no combate à pobreza. “Este trabalho criou na nossa ONG um olhar mais sofisticado, tendo uma abordagem que vai além da divisão entre pobreza e deficiência”, comenta Cláudia.

Papel dos jornalistas

A publicação pretende sensibilizar jornalistas e formadores de opinião para a importância do desenvolvimento inclusivo. Werneck afirma que a imprensa tem força para trazer à tona estas questões, e o jornalista deve se ver como agente da história e descobrir o que ainda está encoberto pelo aspecto econômico. “Os jornalistas acreditam que o poder está ligado ao veículo em que trabalha, ou à pessoa que está entrevistando. Quando está sozinho, ousa pouco, se acha incapaz de mudar a história”, acredita Cláudia.

Ela afirma ainda que grande parte do problema está na própria formação dos profissionais. Para combater a raiz deste problema, a Escola de Gente promove eventos voltados para estudantes de Comunicação Social, Ciências Sociais e Direito. Pretende, desta forma, oferecer o primeiro contato com conceitos como desenvolvimento inclusivo e direitos da criança durante a formação dos futuros comunicadores.

O livro está disponível em português, espanhol e braile, na versão impressa. Há ainda a versão digital, também disponível em português e espanhol, nos formatos PDF e DOC, passíveis de serem lidos por programas de computador usados por pessoas com deficiência visual. Estas versões podem ser encontradas no site da Escola de Gente, www.escoladegente.org.br.

Italo Nogueira

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