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Tecnologia e cidadania: palavras femininas

Autor original: Italo Nogueira

Seção original: Novidades do Terceiro Setor






Tecnologia e cidadania: palavras femininas
Divulgação

Seguindo seu objetivo de garantir os direitos sociais e culturais das mulheres, o grupo Fêmea, da Casa da Cultura da Baixada, no Rio de Janeiro (RJ), acaba de lançar o projeto Fazendo Gênero Digital. A iniciativa tem apoio do Fundo Ângela Borba de Recursos para Mulheres e parceria da Rede de Informações do Terceiro Setor (Rits), da Universidade Estácio de Sá, da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), e da ActionAid Brasil.

A novidade envolve um conjunto de atividades, como curso de informática, uso do telecentro comunitário, capacitação para o mercado de trabalho e discussões sobre as condições e demandas das mulheres participantes. Desde o dia 27 de junho, 105 mulheres iniciaram o curso de informática, em que terão contato com software livre e receberão capacitação em telemarketing. A partir desta capacitação, o Fêmea pretende garantir mais uma opção de geração de renda para mulheres da Baixada Fluminense, onde a ONG está localizada. Leila Regina, coordenadora do grupo Fêmea, aponta outro objetivo: a aproximação das mulheres com o telecentro da Casa da Cultura. “Percebemos que o telecentro era muito mais usado por jovens e homens. As mulheres não vinham e perdiam o contato com esta tecnologia”, comenta.

O curso é mais um dos produtos das reuniões - ou cafés da manhã, como preferem chamar - que o grupo Fêmea promove. Desde o início destas discussões, há três anos, identificou-se como principais demandas das mulheres da Baixada Fluminense a capacitação para geração de renda e para a proteção contra a violência doméstica. Para o segundo problema, uma das iniciativas foi a implementação do Disque-Mulher Baixada, que recebe denúncia de violação de direitos das mulheres. Além da promoção da cidadania, o grupo pretende atingir as crianças – um dos focos da Casa da Cultura – “atendendo o entorno delas, que é a família”, explica Regina.

Segundo ela, a violência está ligada à dependência econômica das mulheres. Por às vezes dependerem economicamente dos homens com que vivem, muitas vezes não denunciam atos de violência doméstica. O curso de telemarketing – que será executado pela Universidade Estácio de Sá - pretende mudar essas condições, capacitando para o mercado de trabalho. Antes, conta Regina, a capacitação era feita na base da troca e experiência, principalmente no aprendizado de artesanato.

Além dos treinamentos em informática e telemarketing, o Fêmea organizará, em quartas-feiras alternadas, discussões sobre diversos temas relacionados aos direitos das mulheres. O tema já era prática do grupo, nos cafés da manhã. A intenção agora é aproximar as mulheres que o freqüentam, mas que ainda estavam distantes da discussão sobre cidadania. Nestes encontros, farão também uma avaliação do projeto.

A Rits também é responsável por avaliar o projeto. Para isso, utilizará a Metodologia de Avaliação em Gênero (GEM, em inglês), desenvolvida pela Associação para o Progresso das Comunicações (APC). O método foi elaborado no intuito de integrar uma análise de gênero em avaliações de iniciativas que usam Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) para a mudança social.

O Fazendo Gênero Digital recebe mulheres com ensino fundamental completo e que tenham um filho. O perfil médio das 105 mulheres é de donas-de-casa, de baixa renda, com cinco filhos. De acordo com Regina, já se inscreveram para um próximo curso quase o mesmo número de pessoas do atual. “Temos que arrumar um jeito de seguir com esse projeto”, afirma Leila Regina. “Esperamos que ao término do curso essas mulheres estejam capacitadas em informática, telemarketing e, principalmente, para os seus direitos”, aspira.

Italo Nogueira

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