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Internet a serviço da leitura

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Novidades do Terceiro Setor






Internet a serviço da leitura
Divulgação

Desde o início de suas atividades, em 2002, a Biblioteca da organização não-governamental Porto Digital recebeu leitores de olho na possibilidade de usar a internet. Durante as oficinas de incentivo à leitura, os alunos pediam para usar os computadores, conta Julianne Pepeu, gerente da área social da entidade. A partir da curiosidade dos alunos pela internet, surgiu a idéia para o projeto Livronauta, que há mais de um mês envolve a participação de 40 crianças e adolescentes de uma comunidade de baixa renda em Recife (PE). “Aproveitamos o potencial de interesse do computador junto a esse público para estimular o gosto pela leitura”, explica Julianne.

Desenvolvido pelo Porto Digital, em parceria com o Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e com o apoio do Bandeprev - Previdência Social, o Livronauta busca utilizar a internet como instrumento para incentivar a leitura.

Inaugurada em 8 de julho, a iniciativa é voltada para crianças e adolescentes de 9 a 13 anos, da Comunidade do Pilar. Todas estão matriculadas na escola pública. Entretanto o projeto não tem o nível de escolaridade como requisito.

“Nessa comunidade, o nível de escolaridade é baixíssimo. A única escola que existe no local só oferece aulas até a 4ª série. Se colocássemos a escolaridade como requisito, a grande maioria das pessoas não entraria no projeto. Por isso o nível de conhecimento entre os alunos é bem variado”, explica Julianne.

Além dos baixos índices de escolaridade, a Comunidade do Pilar apresenta características marcantes de pobreza, como situação habitacional precária, grande incidência de trabalho informal e ausência de opções de lazer. Para oferecer aos moradores uma alternativa de acesso a conhecimento e informação, o Porto Digital criou a sua biblioteca em 2002. As oficinas de incentivo à leitura voltadas para crianças e jovens, juntamente com os serviços de consulta e empréstimo de livros, vêm promovendo o hábito da leitura entre os moradores da região. Agora, com o uso de dez computadores ligados à internet, o Porto Digital fortalece o objetivo de formar leitores na comunidade.

As oficinas semanais do Livronauta são conduzidas por estudantes dos cursos de Letras e Biblioteconomia da UFPE. Os monitores procuram incentivar a leitura de livros impressos e a interação com o computador e o mundo virtual, com pesquisas online sobre os autores, personagens e os significados de palavras ainda não conhecidas pelos alunos. “As atividades são passadas para os alunos por email”, conta Julianne. As crianças e os adolescentes utilizam ainda jogos virtuais e sites interativos para a criação de personagens.

O Livronauta é um projeto-piloto e tem previsão de durar dez meses. “A partir dos resultados, vamos ver se ampliamos o projeto para outras crianças da Comunidade do Pilar ou ainda para outras comunidades. A idéia é sistematizar o projeto para replicá-lo”, revela Julianne.

O aumento do prazer dos alunos pelo conhecimento e pela informação é bem perceptível, de acordo com Julianne: “Vemos que as crianças estão muito mais interessadas tanto na computação quanto nos livros”. O impacto do projeto também se estende aos familiares: “Os alunos levam os livros para casa, lêem para os pais e irmãos e os trazem para freqüentar a biblioteca”. Dessa forma, pelo menos 200 moradores poderão ser beneficiados indiretamente, segundo expectativa dos responsáveis pela iniciativa.

Mariana Loiola

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