Autor original: Mariana Loiola
Seção original: Artigos de opinião
Kenia Rezende*
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Passou-se um ano e a polícia ainda não tem uma solução para o massacre do povo de rua, ocorrido em agosto de 2004 na região da Praça da Sé. Apesar das promessas do Secretario de Segurança Pública do estado de São Paulo, Saulo de Abreu Castro, de que o massacre do Centro estaria resolvido em um mês, o cenário ainda não aponta para a solução.
Na época, foram assassinadas sete pessoas em situação de rua e nove ficaram feridas. As investigações continuam, mas ainda não foi possível identificar os assassinos. Os sobreviventes fogem e se escondem, preferem não ficar nos albergues da prefeitura, pois na rua o anonimato ainda os protege e podem desfrutar de liberdade (as regras impostas pelos albergues são alvo de grande reclamação por parte dos usuários).
O cenário do crime é uma das regiões mais movimentadas do país, mas dizem que ninguém viu. Existem mais de 30 mil estabelecimentos comerciais, segundo a Administração Regional da Sé, a maioria com câmeras de segurança, mas nenhuma registrou nada. Outras milhares de pessoas passam todos os dias pela região. E mesmo num lugar tão movimentado, não foi possível encontrar testemunhas e provas para o massacre.
As autoridades – nesse caso, leia-se Ministério Público e Polícia Civil – dizem que investigam o caso, e até mostram muita boa vontade, mas depois de um ano nenhuma prova contundente apareceu. E muitas vezes tentam passar a responsabilidade para a população, dizendo que quem viu tem que denunciar e procurar a polícia. Já foram recolhidos mais de cem depoimentos, porém estes ainda não foram considerados suficientes.
Vale lembrar que as investigações andaram bem e produziram resultados até que membros da Polícia Militar foram envolvidos. Nesse ponto, as investigações pararam. Mais uma vez, a força do corporativismo fez com que a injustiça prosperasse.
Resta-nos, agora, confiar na “boa vontade” das autoridades envolvidas nas investigações e protestar para exigir que um crime tão bárbaro não fique impune em nosso país. E para os protestos temos a ajuda do Padre Júlio Lancelotti, que coordena junto a outras entidades um protesto todo dia 19, para que a crueldade não seja esquecida.
*Kenia Rezende é jornalista e voluntária da Ocas (www.ocas.org.br), organização que trabalha com pessoas em situação de rua
A Rets não se responsabiliza pelos conceitos e opiniões emitidos nos artigos assinados. |
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