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Alternativa sustentável para a Amazônia

Autor original: Joana Moscatelli

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor






Alternativa sustentável para a Amazônia
Divulgação

Desde 1990, a Fundação Vitória Amazônica (FVA) busca associar a conservação da biodiversidade da Amazônia com a melhoria da qualidade de vida dos moradores da região. A idéia é contribuir para a elaboração e implementação de propostas positivas para o desenvolvimento sustentável da Bacia do Rio Negro e do Parque Nacional do Jaú, no Amazonas.

Carlos César Durigan, secretário-executivo da FVA, explica que a “intenção da Fundação é trabalhar planos de manejo nessa região e estimular uma relação positiva da população local com a biodiversidade”. Por ser uma área de grande diversidade biológica e cultural, a Bacia do Rio Negro permite a implantação de soluções criativas e inovadoras para consolidar as unidades de conservação.

Um dos primeiros projetos da FVA foi o Programa Rio Negro, que ajudou na elaboração do plano de manejo do Parque Nacional do Jaú, um dos maiores parques nacionais do Brasil e do mundo, em área de floresta tropical úmida. Elaborado em 1998, o plano está em fase de implementação. Segundo Durigan, apesar de algumas dificuldades financeiras, estão sendo promovidas atividades de conscientização ambiental e mobilização de agentes sociais em 14 comunidades próximas ao rios Jaú e Unini.

Elaboração de políticas públicas e geração de renda

A Fundação tem uma participação ativa na elaboração de políticas que contribuam para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Seja em nível local ou nacional, e entidade busca se articular com outras organizações e governos para que seja construída uma “agenda verde” para a região.

Para Carlos Durigan, a relação com os governos tanto em nível estadual como federal é positiva. “A sociedade civil tem sido recebida e ouvida pelo poder público que reconhece sua importância na elaboração de políticas públicas que integrem a preservação da biodiversidade amazônica com o desenvolvimento social e econômico da região.”

Outro objetivo da FVA é gerar renda de forma sustentável, contribuindo para a conservação da biodiversidade e para a melhoria das condições de vida dos moradores locais. Desde 1994, o projeto Fibrarte busca transformar o trabalho artesanal desenvolvido com fibras vegetais em uma atividade econômica e ecologicamente sustentável. Com ajuda do projeto foi formada a Associação dos Artesãos do Novo Airão, que atualmente conta com 25 artesãos, a maioria  mulheres.

Atualmente, a FVA está estudando a proposta de desenvolver projetos semelhantes que busquem preservar outras matérias-primas importantes para as atividades econômicas da região como a cerâmica e restos de madeira. A idéia é promover o conhecimento sobre a matéria-prima que é utilizada em determinada atividade econômica e estimular a organização da produção e da distribuição de forma sustentável.

Organização social e educação

“Muitas pessoas da região desconheciam temas relacionados à preservação ambiental e só agora começam a entender a importância da preservação do meio em que vivem para a melhoria das próprias condições de vida”, afirma Durigan.

A FVA apóia a organização de grupos comunitários no município de Novo Airão a fim de implementar atividades de educação ambiental. A partir da criação destas organizações, são realizados seminários sobre meio ambiente, onde se discute conceitos de conservação. Já foram criadas duas associações de moradores, nos bairros de Nova Esperança e Nossa Senhora Auxiliadora. A FVA ajudou também na formação da Associação de Mulheres Profissionais da Estética, Costura e Artesanato (Ampeca) e do Grupo Ecológico Chico Mendes (Gemendes).

Outro projeto, o Fortalecimento da Organização Social na bacia do rio Negro pretende disseminar conhecimentos sobre a área e sobre técnicas apropriadas para o uso de recursos naturais. Além disso, capacita lideranças junto às populações que vivem dentro e no entorno do Parque. Apoiou a organização da Associação de Moradores do Rio Unini (Amoru).

Outra preocupação é com a renovação dos processos educativos das escolas da região. Através de parcerias com Secretarias Educacionais dos municípios onde atua, a FVA busca formar professores capazes de entender a importância da preservação ambiental e do desenvolvimento sustentável. Este processo de capacitação se desenvolve a partir da realidade social e ambiental onde estes professores estão inseridos. A idéia é trabalhar temas com os quais os professores e alunos se identifiquem. Os cursos são realizados em parceria com o Centro de Trabalhadores do Acre (CTA).

Pesquisa científica

Os estudos científicos coordenados pela FVA se concentram na região do Parque Nacional do Jaú. De 1999 a 2002, o projeto Janelas para a Biodiversidade buscou desenvolver uma estratégia para inventariar e monitorar a biodiversidade e o uso dos recursos naturais pelos moradores do Parque Nacional do Jaú (PNJ). O projeto contou com a participação de pesquisadores de várias instituições, como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade de Campinas (Unicamp) e Universidade de São Paulo (USP).

A experiência gerou o livro “Janelas para a Biodiversidade no Parque Nacional do Jaú”. A publicação contém informações sobre a metodologia do projeto, uso de recursos naturais e pesquisas sociais.

Joana Moscatelli

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