Para uma outra visão de desenvolvimento

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor

Pelo quarto ano consecutivo, iniciativas de desenvolvimento local de todo o país estarão reunidas num grande encontro para o intercâmbio de experiências. A quarta edição da Expo Brasil Desenvolvimento Local acontecerá de 12 a 15 de outubro, no Centro de Convenções do Ceará, em Fortaleza, capital do estado. São esperadas cerca de duas mil pessoas, entre representantes de organizações governamentais e não-governamentais, organismos internacionais, universidades etc. Tal como nas três primeiras edições, a promoção da quarta Expo Brasil Desenvolvimento Local está a cargo da coordenação da Rede Dlis – Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável, sediada na Rede de Informações para o Terceiro Setor (Rits), com a colaboração dos patrocinadores, apoiadores e parceiros do evento.

Entre os principais objetivos da Expo Brasil 2005 estão: dar visibilidade às experiências concretas de desenvolvimento local no Brasil; propiciar a aprendizagem compartilhada de aspectos econômicos, políticos, culturais e ambientais associados ao desenvolvimento local; estimular novas articulações e parcerias que impulsionem o desenvolvimento local sustentável e contribuir para a cooperação internacional relacionada ao desenvolvimento local (com foco na América Latina e em países de língua portuguesa).

A edição deste ano se destaca por uma presença maior de espaços para aprendizagem e interação, como oficinas e mini-cursos. Caio Silveira, coordenador da Rede Dlis, ressalta ainda o incremento da cooperação internacional, principalmente por meio do projeto Cooperar em Português. Durante o evento, será lançado o portal do projeto, que vai reunir informações sobre desenvolvimento local nos países de língua portuguesa.

“Injeção de ânimo”

O foco estratégico da Expo Brasil deste ano está definido como “a emersão de outra cultura política, ligada ao aprofundamento da democracia, ao fortalecimento de redes com bases territoriais e a construção prática de um paradigma sistêmico de desenvolvimento”. A coordenação do evento considera este foco ainda mais relevante no atual contexto de crise do sistema político. “Mais do que nunca precisamos mexer com sistemas de cultura política e estimular o protagonismo de populações locais para o desenvolvimento e a transformação social. Essa visão vai permear todo o evento”, explica Caio Silveira. O coordenador vê o encontro como uma “injeção de ânimo” contra o cansaço geral gerado pelas sucessivas denúncias relacionadas à crise política, divulgadas nos meios de comunicação.

Para Caio, a mudança de cultura política implica um alargamento do espaço público e uma maior participação democrática. Por isso a importância de ver outros caminhos e o que há de inovador em experiências concretas. “A gente vive uma democracia muito centrada no voto eleitoral. É preciso recuperar o poder do cidadão de intervir na sua vida local.”

O evento dará visibilidade a no mínimo 40 experiências em andamento no Brasil, além de exemplos de outros países. Serão apresentados e debatidos os principais programas federais ligados ao desenvolvimento local, bem com as estratégias desenvolvidas por órgãos regionais. Projetos de economia solidária, microfinanças, inclusão digital e gestão ambiental são alguns dos que serão apresentados.

A idéia do evento vai de encontro à visão dominante de desenvolvimento do ponto de vista quantitativo, segundo Caio Silveira. “Pensamos não só em crescimento econômico, mas em desenvolvimento qualitativo, com bases sociais e locais, que seja de dentro para fora, de baixo para cima.” Justamente fazer com que o desenvolvimento local deixe de ser considerado complementar e passe a ter um valor maior na agenda de desenvolvimento do país é um dos maiores desafios da Expo Brasil.

Mariana Loiola