Autor original: Luísa Gockel
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
As pessoas atingidas por barragens começaram a se organizar na década de 70 no Rio Grande do Sul e em alguns estados das regiões Nordeste e Norte. Naquela época, eram inauguradas grandes obras, e muitas outras eram anunciadas. No Nordeste, a construção da usina de Sobradinho, no rio São Francisco, deslocou 70 mil pessoas. No Sul, em 1978, começaram as obras de Itaipu, na bacia do rio Paraná, e foram previstas as hidrelétricas de Machadinho e Itá, no Rio Uruguai. Na mesma época, trabalhadores rurais se organizaram para garantir seus direitos no processo de construção da usina de Tucuruí, no rio Tocantins, que obrigou 40 mil famílias a mudarem de endereço.
Por causa dessas obras, que representavam a adoção de um modelo elétrico a partir da geração de energia hídrica, estima-se que até hoje mais de 1 milhão de pessoas foram expulsas de suas terras no país. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) só adquiriu caráter nacional unificado quando foi realizado o primeiro congresso nacional. Desde 1991, portanto, as bandeiras são unificadas, mas cada região tem autonomia de ação.
Dados do movimento apontam a existência hoje de 2 mil barragens que ocupam 34 milhões de hectares. O Comitê Mundial de Barragens estima a existência de 40 a 80 milhões de pessoas ao redor do mundo obrigadas a se mudar por causa da construção de usinas hidrelétricas. De acordo com líderes do MAB, há hoje aproximadamente 100 mil famílias organizadas ligadas ao movimento, que reivindicam, entre outras coisas, a revisão do modelo energético e a sua substituição por outro menos agressivo à população ribeirinha e ao meio ambiente.
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