Autor original: Mariana Loiola
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No dia 4 de Outubro de 2005, o Programa das Nações Unidas para a Juventude, do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais (DESA), lançou o World Youth Report 2005: Young People Today and in 2015 (Relatório Mundial sobre a Juventude: Os Jovens Hoje e em 2015). A principal mensagem do relatório é que é necessário intensificar os investimentos nos jovens a fim de implementar o Programa de Acção Mundial para a Juventude e realizar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). Com mais de 200 milhões de jovens a viver na pobreza, 130 milhões de jovens analfabetos, 88 milhões no desemprego, e 10 milhões a viver com o VIH/SIDA, as razões para se investir nos jovens hoje são claras. No entanto, os dirigentes mundiais também devem olhar para o futuro com vista a assegurar o bem-estar da próxima geração: as crianças de hoje serão os jovens de 2015, o ano fixado para a consecução de muitos dos ODM.
O World Youth Report descreve a situação dos jovens (grupo etário dos 15 aos 24 anos) no mundo no que se refere a três esferas de influência: (1) os jovens na economia global; (2) os jovens na sociedade civil; e (3) os jovens em risco.
1ª Parte: Os jovens na economia global
O Capítulo 1 examina as tendências mundiais relacionadas com a globalização, educação, emprego, e fome e pobreza.
O número de crianças que concluem o ensino primário tem vindo a aumentar desde 1995, e quatro em cada cinco jovens do grupo etário apropriado encontram-se actualmente a frequentar o ensino secundário. As inscrições no ensino terciário também aumentaram e calcula-se que, actualmente, há cerca de 100 milhões de jovens matriculados no ensino superior a nível mundial. A actual geração de jovens é a mais instruída de sempre. No entanto, há 113 milhões de crianças que não estão a frequentar a escola, um número comparável à actual coorte de 130 milhões de jovens que são analfabetos.
Apesar de os jovens estarem a receber mais educação, o desemprego entre os jovens no mundo aumentou para níveis sem precedentes. O desemprego dos jovens, que afecta um total de 88 milhões de indivíduos, é mais elevado na Ásia Ocidental, Norte de África e África ao Sul do Sara.
As pressões sobre os jovens no sentido de competirem num mercado de trabalho que se está a tornar global têm vindo a aumentar. Muitos jovens decidem emigrar para o estrangeiro a fim de procurar oportunidades de emprego. A globalização tem produzido mudanças profundas na cultura e consumismo entre os jovens e tem-se traduzido em diferentes manifestações de cidadania mundial e de activismo por parte dos jovens. Os jovens são extremamente flexíveis e são talvez quem mais facilidade tem em se adaptar às novas oportunidades da globalização e em tirar partido das mesmas. Há, todavia, muitos jovens, sobretudo nos países em desenvolvimento, que não têm beneficiado destas mudanças.
Os Capítulos 2 e 3 apresentam uma análise aprofundada dos jovens do ponto de vista da pobreza.
Embora a redução da pobreza seja, sem dúvida, um objectivo de desenvolvimento fundamental, sabe-se pouco sobre a dinâmica da pobreza entre os jovens.
No Capítulo 2, refere-se que o número de jovens que vivem com menos de 1 dólar por dia se calcula em mais de 200 milhões, ou 18% do total de jovens, e que 515 milhões vivem com menos de dois dólares por dia. O Capítulo 3 debruça-se sobre um outro aspecto da pobreza (frequentemente ignorado), designadamente, a transferência da pobreza de uma geração para outra e o seu efeito nos jovens. Num mundo em envelhecimento, é essencial compreender melhor a dinâmica intergeracional a fim de se poderem definir intervenções políticas eficazes.
2ª Parte: Os jovens na sociedade civil
O Capítulo 4 apresenta uma análise das tendências mundiais relacionadas com os jovens e o ambiente, as actividades de lazer, a participação no processo de decisão, as relações intergeracionais e as tecnologias da informação e comunicação (TIC).
Na última década, tem-se vindo a reconhecer progressivamente o contributo que o tempo de lazer pode representar para os jovens no que se refere a promover a inclusão social, o acesso a oportunidades e o desenvolvimento em geral. Esta tendência está associada à importância crescente que se tem vindo a atribuir à participação dos jovens nos processos de decisão, participação essa que contribui para o desenvolvimento pessoal e consciência social dos jovens ligados a esses processos, melhorando a concepção e execução das políticas de juventude. As estruturas de participação dos jovens têm-se alterado devido às TIC. Infelizmente, há muitos jovens que não estão a beneficiar da sociedade da informação. O aumento das TIC está a alterar o processo de socialização dos jovens, que actualmente são mais influenciados por mensagens vindas do exterior das suas comunidades do que acontecia anteriormente.
Apesar da evolução das estruturas de socialização e familiares, a família continua a ser a primeira instituição social em que as gerações se encontram e interagem.
Os Capítulos 5 e 6 descrevem a influência que o aparecimento de meios de comunicação social mundiais tem tido na cultura e activismo dos jovens.
A dependência crescente de novos tipos de tecnologias da informação e comunicação é um factor determinante na vida de muitos dos jovens dos nossos dias. A evolução das TIC tem vindo a oferecer aos jovens uma diversidade cada vez maior de possibilidades de obter informação, de se divertirem e de reforçarem a sua autonomia. A Internet tem sido uma componente particularmente importante da revolução das TIC para os jovens. À medida que o acesso a estes meios de comunicação e aos seus conteúdos "globais" se tem vindo a generalizar, tem surgido uma cultura mundial da juventude que estabelece entre os jovens novos tipos importantes de laços. Estes avanços tecnológicos têm contribuído para a redefinição de alguns dos aspectos mais fundamentais da sociedade. A abertura e acessibilidade das novas tecnologias têm aumentado, em particular, as possibilidades de os jovens partilharem as suas opiniões e experiências e contribuírem para o seu próprio desenvolvimento cultural, o que se traduz, cada vez mais, num fluxo de socialização bidireccional entre as gerações mais novas e mais velhas.
3ª Parte: Os jovens em risco
O Capítulo 7 examina as tendências mundiais no que se refere à saúde, VIH/SIDA, abuso da droga, delinquência juvenil, situação das raparigas e das mulheres, e conflitos armados.
O VIH/SIDA tornou-se a principal causa de mortalidade dos jovens, seguindo-se a violência e os lesões. Actualmente, há 10 milhões de jovens a viver com VIH/SIDA, a maioria em África e na Ásia. A propagação do vírus tem tido um impacte devastador na saúde sexual e reprodutiva dos jovens. Estes estão a entrar na adolescência mais cedo e a casar mais tarde. A saúde dos jovens também está a ser afectada pelo consumo sem precedentes de drogas sintéticas a nível mundial, sobretudo em ambientes recreativos. A procura de substâncias ilícitas entre os jovens dos países em desenvolvimento aumentou para níveis que actualmente se equiparam aos dos países industrializados.
É na coorte dos jovens que as taxas de detenção são mais elevadas. A maioria dos jovens acaba, todavia, por desistir de consumir substâncias ilícitas ou drogas. Verificouse haver uma forte ligação entre a vitimização dos jovens e a criminalidade. Além disso, a pobreza, a disfunção familiar, o abuso de substâncias e a morte de parentes são factores de risco que se sabe contribuírem para a delinquência juvenil.
Já existe, entre os governos, uma consciência maior da situação de desvantagem das raparigas e das mulheres. Contudo, a igualdade de acesso ao ensino superior e aos mercados de trabalho continua a constituir motivo de preocupação em alguns países, e os estereótipos negativos de mulheres subsistem.
O Capítulo 8 concentra-se no aumento de conflitos violentos no mundo e examina o seu impacte dramático nos jovens numa perspectiva de género. Nas últimas décadas, surgiram muitos conflitos novos, principalmente na África ao Sul do Sara. Estes conflitos afectam um número desproporcionado de jovens, quer como perpetradores quer como vítimas. A situação das crianças-soldado tem sido justa e amplamente documentada, e foram adoptados vários instrumentos jurídicos internacionais que incluem diversas medidas de prevenção e prevenção para ajudar a resolver esta questão; infelizmente, estes instrumentos não protegem os jovens com mais de 18 anos de idade.
O aumento dos conflitos armados, o terrorismo e a ameaça de terrorismo tem concentrado a atenção mundial nos jovens dos sexo masculino e no seu potencial de violência. Em consequência deste facto, as experiências e capacidades dos jovens de ambos os sexos que não participam em conflitos armados mas são afectados pelos mesmos têm sido marginalizadas, bem como as preocupações das mulheres jovens que estão activamente envolvidas na violência armada.
*Este sumário, traduzido para português de Portugal, foi retirado do site do Programa de Juventude das Nações Unidas (www.un.org/esa/socdev/unyin). A íntegra em espanhol do "Relatório Mundial sobre a Juventude: Os Jovens Hoje e em 2015" pode ser obtida na área de downloads, ao lado.
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