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Questão de saúde pública

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Notícias exclusivas para a Rets

A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou em 24 de novembro, às vésperas do Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher, seu mais recente estudo sobre violência doméstica e suas conseqüências sobre a saúde da mulher. A pesquisa foi realizada simultaneamente em oito países: Brasil, Peru, Japão, Bangladesh, Namíbia, Tailândia, Tanzânia e Ilhas Fiji. Em cada país, foram pesquisadas uma grande cidade e uma região de características rurais. No Brasil, a pesquisa foi realizada em São Paulo (SP) e na Zona da Mata, em Pernambuco. Foram visitados 4.299 domicílios e entrevistadas 2.645 mulheres de 15 a 49 anos, entre 2000 e início de 2001. O estudo foi conduzido pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em parceria com o Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, de São Paulo, e a ONG SOS Corpo ­Gênero e Cidadania.

Alguns dados da pesquisa:

- 27% das mulheres na cidade de São Paulo e 34% na Zona da Mata pernambucana relataram algum episódio de violência física cometida por parceiro ou ex-parceiro.

- 10% das mulheres em São Paulo e 14% na Zona da Mata disseram ter sofrido alguma violência sexual.

- 11% em São Paulo e 13% na Zona da Mata relataram haver sofrido lesões tais como cortes, perfurações, mordidas, contusões, esfolamentos, fraturas e dentes quebrados, entre outras.

- Dentre as mulheres que relataram lesões, 36% ficaram tão machucadas que necessitaram de assistência médica. Destas mulheres, 22% em São Paulo disseram haver passado uma noite no hospital devido ao trauma físico e 20% na Zona da Mata.

- 22% das mulheres em São Paulo e 24% na Zona da Mata nunca haviam relatado a violência a ninguém; para estas, a pesquisa foi a primeira oportunidade para o relato.

- Quatro entre dez das mulheres que relataram violência na cidade de São Paulo (41%) tiveram que sair de casa pelo menos uma vez por causa das agressões, enquanto na Zona da Mata mais de cinco em cada dez (52%) tiveram que sair de casa pela mesma razão.

- Quando perguntada sobre os motivos para continuar na relação apesar da violência, a resposta mais freqüente foi que “perdoou o parceiro” (31% na Zona da Mata e 32% na cidade de São Paulo), seguida de “não queria deixar as crianças” (29% na Zona da Mata e 25% em São Paulo) e, em terceiro lugar, o “amor pelo parceiro” (23% em São Paulo e 24% na Zona da Mata).

O capítulo do estudo que trata do Brasil está disponível na área de Downloads desta página. A pesquisa completa está em www.who.int/gender/violence/who_multicountry_study/en.

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