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Em busca de novos caminhos

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor






Em busca de novos caminhos
Divulgação

Garantir o acesso das crianças ao lazer, à cultura, ao esporte e, principalmente, à educação. Com esse objetivo foi criado, pela Missão Criança Aracaju, há mais de três anos, o projeto Recriando Caminhos. O programa consiste em assegurar os direitos da criança e do adolescente, através da implantação de um modelo de educação complementar, que afaste crianças e adolescentes do trabalho infantil, aprofunde o seu aprendizado e estimule, por parte das crianças e jovens, o exercício da cidadania.

O Recriando Caminhos surgiu em setembro de 2002, com uma proposta do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para a realização de um projeto em rede. Estudar em escolas da rede pública e ser de família de baixa renda são os pré-requisitos para participar do projeto. “Procuramos estabelecer parcerias com instituições que trabalham com famílias de baixa renda, em bairros de periferia, e a Secretaria Municipal de Educação”, conta Rosane Cunha, coordenadora da Missão Criança Aracaju. Em 2006, o projeto terá ainda apoio financeiro da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), através do projeto Criança Esperança. Desde o início, o Recriando conta com o financiamento da Petrobras.

Inicialmente, a iniciativa beneficiava 400 crianças e adolescentes em situação de risco. Hoje o Recriando trabalha com mil meninos e meninas, na faixa etária dos sete aos 17 anos. As atividades incluem oficinas de teatro, dança, violão, percussão, flauta, capoeira, judô, futebol, basquete, handball e futsal. As crianças e adolescentes recebem ainda aulas de reforço escolar e contam com o acompanhamento de uma psicóloga.

Para os adolescentes que estão perto de completar 18 anos e iniciar a vida profissional, são realizadas oficinas de computação, vídeo, silk-screen etc., que deverão ser ampliadas este ano. A parceria com um curso de inglês também ajuda a preparar os jovens para o mercado de trabalho. Em 2005, um grupo de jovens foi encaminhado para fazer cursos no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). “Fazemos esse encaminhamento para não perdermos o que conseguimos mudar e construir”, explica Rosane.

Estímulo à leitura

A atividade de maior sucesso no Recriando, segundo Rosane, é a inserção do Baú de Leitura, uma iniciativa do Unicef e do Movimento de Organização Comunitária (MOC), que tem como objetivo despertar e fortalecer o interesse pela leitura. Os livros utilizados no projeto contêm histórias que resgatam temas importantes, como a identidade dos povos, o folclore regional, a relação do homem com a sociedade e a necessidade da preservação da natureza.

“No grupo que atendemos no Recriando, detectamos que os índices de leitura e de desempenho na escola eram muito baixos. Então tivemos a idéia de incluir esse projeto”, conta Dansílvia Carvalho, coordenadora do projeto Baú de Leitura no Recriando Caminhos.

Além de estimular o gosto pela leitura, o Baú ajuda as crianças a refletirem sobre a realidade em que estão inseridos. “Os alunos têm lido poesias, jornais, revistas, freqüentado bibliotecas públicas e ainda repartem o que aprendem com a suas famílias”, diz Dansílvia. Em 2006, o número de baús no Recriando será aumentado de 19 para 40.

Integração familiar

Devido ao reconhecimento da importância da família para o desenvolvimento infantil, o Recriando Caminhos também atua diretamente com as mulheres que têm filhos inseridos no projeto. “Também fazemos um acompanhamento da família para que, quando a criança for para casa, não perca tudo o que viu e aprendeu no projeto”, diz Rosane.

As mães participam de reuniões periódicas com uma psicóloga, em que discutem temas como violência doméstica, sexualidade, uso de drogas e os direitos da criança e do adolescente, e ainda são inseridas no Baú de Leitura. “No monitoramento que fazemos constantemente, ouvimos mães dizerem que o projeto mudou a vida de suas famílias”, conta a coordenadora da instituição.

As mudanças se refletem no comportamento das crianças: “Como o público que atendemos vem de famílias problemáticas, no início, era muito arredio. As relações das crianças com as suas famílias e com as outras crianças melhoraram muito. Elas vão para a escola mais confiantes. Além disso, o projeto ajuda a afastar as crianças do trabalho infantil. Conscientizamos as famílias de que é melhor estar no projeto do que estar na rua, vendendo bala ou pedindo dinheiro”, relata Rosane.

Mariana Loiola

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