Autor original: Mariana Loiola
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
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Diariamente, mais de 600 jovens freqüentam os cursos oferecidos gratuitamente pela Aldeia do Futuro, ONG localizada em Americanópolis, região sul do município de São Paulo. A instituição busca propiciar a jovens e mulheres de baixa renda uma referência social e profissional, perspectiva de futuro e fortalecimento de valores que possam transferir para a comunidade.
Uma das características da Aldeia do Futuro é desenvolver potencialidades, explica Genilva de Sousa Borges, diretora pedagógica da entidade. “Procuramos transmitir conhecimentos para serem repassados para a comunidade, como tolerância à diversidade, educação para valores positivos e direitos humanos”.
Criada em 1993, a Aldeia do Futuro começou com o atendimento a 140 jovens, com cursos de pedreiro, pintor e azulejista. Hoje, a instituição está estruturada em cinco núcleos de atuação: formação para o trabalho (cursos profissionalizantes de cabeleireiro, telemarketing e vendas, monitoramento de recreação e lazer, serviços e rotinas administrativas, fotografia, informática, produção audiovisual, webdesign e hardware); comunicação (produção de vídeo, rádio e fotografia); arte, cultura, esporte e lazer (oficinas de dança, capoeira e artes plásticas); protagonismo juvenil (formação de jovens multiplicadores de conhecimentos); e relações com a família e a comunidade. Para manter essas atividades, a Aldeia do Futuro conta com o apoio da Prefeitura de São Paulo e a parceria de outras instituições sem fins lucrativos.
No núcleo de protagonismo, grupos de jovens elaboram projetos de saúde, ambiente, lazer etc. e os oferecem a escolas públicas, igrejas e organizações parceiras na comunidade. “Um dos grupos, por exemplo, idealizou e promoveu, durante um ano, uma oficina de recreação numa escola pública, em que foi diagnosticado um grande índice de violência. Os jovens promoveram brincadeiras e jogos de interação no recreio com as crianças. Essa atividade de fato ajudou a reduzir a violência na escola”, afirma Genilva.
As avaliações feitas regularmente na intuição mostram que os jovens melhoram suas relações inter-pessoais, passam a ter uma tolerância maior com a diferença, aprendem a assumir responsabilidades, aumentam a auto-confiança e mudam até o vocabulário. “O projeto faz com que eles percebam que são capazes de fazer diferença profissional”, diz Genilva.
Este é o caso de Karoline de Santa Moreira, de 18 anos, que está há quatro anos na instituição. Ela começou como aluna do curso profissionalizante de departamento social e contabilidade, passou pelas oficinas de comunicação e vídeo, pelo curso de mediação de leitura e hoje atua como educadora e orientadora administrativa. “Quando eu entrei na Aldeias, já queria atuar na área social. Aqui tive a oportunidade de ver que tinha capacidade de lutar e ser persistente.” Aluna da faculdade de Serviço Social, Karoline pretende fazer ainda o curso de Pedagogia e continuar a atuar em ONGs.
Aldeia das Mulheres
O núcleo de relações com a família e a comunidade inclui o projeto Aldeia das Mulheres, que atende 100 mulheres com mais de 18 anos, capacitando-as para o protagonismo cidadão e geração de renda. Numa região em que a maioria dos chefes de família é formada por mulheres, esse projeto também se tornou um dos destaques da instituição. “Nossa idéia é que a mulher seja agente de transformação social, assim como os jovens”, afirma Genilva.
As mulheres aprendem pintura em tecido, bordado, costura básica, artesanato e cidadania. A renda arrecadada com a venda dos produtos é revertida para as alunas e para a compra de material. “À medida que elas vão se destacando no trabalho e alcançando metas, aumentam a auto-estima. É interessante ver como elas se arrumam para vir para o projeto”, relata Genilva. As mulheres não ficam só no cursos. O projeto inclui ainda festas, palestras e passeios culturais. “As mulheres, gradualmente, se fortalecem, ficam mais ousadas. A coragem de ser expor aparece até nos trabalhos, nas cores que elas usam”, diz.
Casada e mãe de dois filhos, Arlete José da Silva, de 37 anos, já costurava, mas conta que o projeto deu a ela oportunidade de aprender outras técnicas, como fuxico e amarradinho. “Cada dia sempre tem uma coisa nova para aprender. Trabalhar em casa é diferente, a gente não conhece o mundo. Aqui no projeto a gente se diverte junto. A Aldeia mudou muito a minha vida.” Bolsas, almofadas, tapetes e flores de tecido feitos por Arlete rendem a ela entre R$ 300 e R$ 400 por mês. “Já trouxe amigas e vizinhas para participar do projeto. Até minha filha já participou do projeto para adolescentes”, conta.
Assim como Karoline e Arlete, a Aldeia do Futuro começa o ano preparada para muito trabalho. Em 2006, a instituição pretende consolidar o trabalho realizado há mais de uma década. “Estamos num momento de maturidade”, afirma Genilva.
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