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Perfil da participação no Fórum

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Notícias exclusivas para a Rets

Com o intuito de contribuir para a memória do Fórum Social Mundial (FSM), o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) acaba de lançar uma pesquisa que revela o perfil dos participantes do evento. Com o título “Raio X da participação no Fórum 2005: elementos para o debate”, o levantamento ouviu 2.540 participantes do V Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre (Brasil). A publicação será distribuída no Fórum Social Caracas, na Venezuela, que acontece a partir do dia 24 de janeiro. Além disso, ela está disponível no site do Ibase: www.ibase.br.

Uma das preocupações da pesquisa foi avaliar se o Fórum “está sendo capaz de atingir, de forma crescente, movimentos sociais e pessoas de diferentes partes do mundo”. Os resultados apontam que 55% das pessoas entrevistadas estão ligadas a movimentos sociais e, dentro dessa faixa, 24% têm a educação como principal área de atuação. Quanto aos países participantes, a pesquisa demonstra que “a distância geográfica representa uma limitação à participação no Fórum e o país sede acaba imprimindo sua marca no público presente”. No entanto, em 2005, verificou-se um aumento da participação dos indianos no FSM de Porto Alegre, confirmando a eficácia da estratégia do deslocamento geográfico do FSM, que em 2004 teve sede na Índia.

De acordo com a pesquisa, o público do FSM 2005 é composto, em sua maioria, de pessoas jovens (42,2% de pessoas entre 14 e 24 anos), que se declaram de esquerda e que possuem alto grau de escolaridade (67,9% possuem grau superior em curso ou completo). Já em relação ao engajamento político, 24,1% eram ligados a partidos políticos, 55% eram vinculados a movimentos e, desses, um terço (33,8%) está ligado a ONGs.

A maioria das pessoas afirmou que a sociedade deve participar da formulação das políticas públicas, criticá-las e fazer pressão para mudá-las, além de exercer o controle social/monitoramento dessas políticas. Por outro lado, pouco mais de um quinto concordou que as políticas governamentais são de total responsabilidade do governo.

Grande parte das pessoas presentes no FSM acredita que a globalização acentua a concentração de riquezas e o domínio do mundo pelo capital, comandado pelas grandes corporações. Uma taxa de 58% dos indivíduos entrevistados disse não confiar nos partidos políticos; outros 54% disseram desconfiar do Poder Executivo; 58% não confiam no Legislativo e 61% desconfiam do Judiciário.

A mídia/imprensa é alvo de grande desconfiança (67%), seguida das instituições religiosas (60,8%). Contudo, uma expressiva maioria afirma confiar nos movimentos sociais (70,6%). Já as ONGs obtiveram a confiança de 58,3% das pessoas presentes.

Os bancos e as empresas internacionais são as organizações empresariais de que as pessoas presentes no FSM mais desconfiam (82,1% e 81,6%, respectivamente). Os organismos multilaterais possuem um alto índice de rejeição, com exceção da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem a confiança de 24,1% das pessoas.

O levantamento ressalta também que a grande maioria (90,4%) concorda que o processo de construção da “outro mundo possível” deve se dar pelo “fortalecimento da mobilização da sociedade civil nos níveis global, continental, nacional e local”.

Joana Moscatelli

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