Autor original: Mariana Loiola
Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor
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Por meio de uma iniciativa do Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (Ceafro/UFBA), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), um grupo de jovens pretende combater o preconceito racial na capital baiana. Trata-se do Escritório Garantia de Direitos da Juventude Negra de Salvador, lançado no último dia 26 de janeiro. O projeto tem como objetivo contribuir para o enfrentamento da violação de direitos da juventude negra, fazendo valer o que está garantido na Constituição Federal.
O projeto foi elaborado por grupos de jovens que participam do Ceafro. “Os coordenadores do Centro lançaram a proposta e juntos nós desenvolvemos o projeto”, conta Gláucia Dantas, de 19 anos.
O escritório pretende servir como referência de atendimento a casos de violência doméstica e urbana, homofobia, discriminação, racismo, intolerância religiosa e diferentes formas de violação dos direitos da juventude. “Encaminharemos os jovens que sofreram algum tipo de violência para órgãos e instituições do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente”, afirma Isabelle Sanches, uma das coordenadoras do Ceafro.
Os jovens integrantes do Escritório realizarão oficinas, palestras e debates em comunidades da periferia da capital baiana. Os temas abordados nessas atividades deverão ser relacionados ao universo do público-alvo do projeto (jovens negros de comunidades de baixa renda, na faixa etária de 15 a 25 anos): discriminação sexual e gravidez na adolescência, dentre outros. Além disso, o Escritório pretende promover o intercâmbio entre as comunidades visitadas e ampliar o acesso da juventude negra a espaços culturais da cidade, como teatro, museus, cinemas, bibliotecas, universidade etc.
Para trabalhar no Escritório, segundo Isabelle, os jovens receberam acompanhamento pedagógico de técnicos do Ceafro sobre as temáticas de raça, gênero e políticas de juventude. Eles ainda puderam conhecer melhor a atuação dos parceiros institucionais do Ceafro que combatem o racismo, violência contra mulher, trabalho infantil etc. “Essas organizações nos acompanharão nas diferentes etapas do desenvolvimento das nossas ações e atividades”, afirma Isabelle.
Busca de direitos
Por meio das diversas atividades, o Escritório também espera incentivar a busca dos jovens pelos seus direitos. “Queremos mostrar a eles os direitos que eles têm para que, no caso de sofrerem algum tipo de preconceito, saberem o que fazer e não deixarem passar. As pessoas vão perceber que eles são informados e isso vai inibir o preconceito”, acredita Gláucia.
Outra jovem integrante do projeto, Fernanda Santos, de 19 anos, destaca o grande número de casos ocorridos em shopping centers entre as denúncias de discriminação recebidas no Ceafro. “Vemos muitos casos de pessoas negras que se sentem discriminadas quando entram em shopping centers. Elas relatam que os seguranças ficam olhando, fazem sinal para os outros e as seguem, só porque são negras”, conta.
Fernanda acha que os próprios negros ainda precisam valorizar mais a sua raça. “Muitos têm vergonha de usar um penteado afro. Vamos procurar ensinar também modos de usar o seu cabelo”, diz, mostrando que a auto-aceitação é o primeiro passo para que os outros aceitem e, principalmente, respeitem.
A idéia é que a equipe capacite outros jovens para atuar no Escritório. “Nós não somos permanentes nesse projeto. Vamos preparar outros para ocupar o nosso lugar”, adianta Gláucia.
Atendimento
As pessoas podem buscar os serviços do Escritório Garantia de Direitos da Juventude Negra de Salvador através do telefone (71) 3321-2580,ramal 26, ou dos emails egdjn@hotmail.com e escritoriodajuventudenegra@yahoo.com.br. É possível receber atendimento também na sede do escritório: Praça Inocêncio Galvão nº42-A, Largo 2 de Julho, Salvador. O horário de funcionamento é de segunda a sexta, das 14h às 18h.
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